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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Normas da ABNT - Apostila


Normas ABNT atualizadíssimas

http://www.pucpr.br/biblioteca/sibi/manual_normas.pdf
Oi pessoal,
normas da ABNT super atualizadas. Não deixem de baixar e de ler.
É só clicar no link.
Abraços. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Poesia: Percursos - Erivelto Reis

PERCURSOS


Erivelto Reis


Quando disseram que haveria paz,

Hastearam bandeira, declararam trégua

Não tomaram água, não esticaram trena,

Não mediram, nem pesaram nada...

Pensavam apenas que a paz estava selada.



Havia fronteiras: foram respeitadas

Havia prisioneiras: foram libertadas

Havia muitas perdas: foram pranteadas

As crianças órfãs: foram adotadas

As cidades-sede: foram reorganizadas.

As bandeiras rotas: foram costuradas.

Deram-se as mãos: suas orações e preces

Foram entoadas de olhos para o céu.



Os resultados pareciam incríveis.



Atiraram mísseis, bombas e projéteis

Mataram em dobro, poluíram mais,

Destruíram a arte,

Erigiram estátuas aos cânones ditatoriais,

Ergueram mausoléu...

Mantiveram a paz.

Translúcida, intocável,

Inexpugnável apenas no papel.



Crônica: Amarelo ouro - Erivelto Reis

AMARELO OURO


Erivelto Reis

Jornal é um veículo que, quando bem dirigido, tanto mais valor se lhe atribui, quanto mais tempo de existência ele tenha. Venha de onde venha. É um vinho que se lê, para aguçar a lucidez, a emoção e a informação que movem o mundo: pequeno ou médio espaço da região pela qual ele circula. Não é papel de nenhum jornal mudar o mundo, mas, de vez em quando, ele muda.

O jornal não é apenas a impressão do que se vê dele, circulando. Não é só a cara que ele tem. É a ideia que o compõe, a ética que o caracteriza, a criatividade que o diferencia, o serviço que ele presta. Jornal sem ética é estética de charlatão, convence por determinado tempo, mas depois, nem como sobra para forrar o chão.

Jornal de bairro, alternativo, tem função distinta que se agrega as de qualquer jornal. Mas vale tal como o ouro, O Amarelinho. Porque é feito por gente que a gente conhece, a quem a gente tem carinho; gente que anda na mesma rua, que frequenta o mesmo problema, comunga da mesma proposta, que preza nosso direito de resposta. Por quem assume que gosta do lugar em que vive; gente que “veste a camisa”; que não se disfarça de íntegro e correto jornalista, articulista. Gente que trabalha muito, que trabalha duro e para o bem. É, antes, vizinho, amigo, parceiro, colega. Tem amor, tem valor e não nega. Gente que torce pelo progresso, pela mesma vitória. Mas, que trabalha para que tudo isso aconteça e que registra nossa história.

Jornal de bairro tem que ter o que nos interessa, da manchete à última página. Não é página virada que se lamente. Fato distante que não se sente ou se comente. Jornal de bairro não tem cheiro de tinta, tem que ter cheiro de gente.

É o jornal de bairro que dá voz, além da indústria da notícia, ao homem comum, e à chefe de família. Do empresário ao lojista. É ele quem valoriza o artista e o lugar onde o artista nasceu. Divulga a atividade cultural, o sucesso do comércio local, a promoção do debate. Jornal de bairro trata a visita, o trabalho e a trajetória do político como o que tem para hoje. Não se contenta com explicações mirabolantes, exige, apresenta, comenta as mazelas, diz com todas as letras qual é o endereço delas.

Um jornal de bairro bem feito, não se faz sem sacrifícios. Não pense que é fácil saber-se alternativo ou tido como facultativo carregando, ao mesmo tempo, o peso de ser imprescindível. Um jornal de bairro é um livro mensal ou quinzenal sempre aberto. É a verdade morando perto e o sucesso bem pertinho. Salve janeiro, salve nossa gente, o povo campo-grandense, no mês de aniversário do jornal O Amarelinho.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Crônica: Seu nariz é bonito, mas alguém pode quebrar - Erivelto Reis

SEU NARIZ É BONITO, MAS ALGUÉM PODE QUEBRAR!


Erivelto Reis

Vaidade. Não conheço gente sem vaidade. Vai ver até exista, só que não faz parte do meu mailing, não está na minha lista. É um encher-se de si, orgulhar-se de algo tido, entendido ou percebido como uma distinção, um dom, uma qualidade, uma característica, senão única, tornada, por quem a possui, em algo bem especial.

O jeito do vaidoso é logo motivo de atenção. Destila modo e elegância, causa e consequência, erudição e eloquência, valor e permanência, poder e excelência, altivez e competência, auto-estima e ambivalência, produção e procedência. Seu nariz é tão bonito, mas alguém pode quebrar. Não que haja, pela vaidade em si, merecimento para quebra que, mais cedo ou mais tarde, sempre há; mas do uso que se faz dela. A vaidade é uma eterna pedrada só esperando pela janela.

Vamos evitar a fantasia: todo mundo gosta de viver e de se sentir bem. Tentar falar sobre alguma coisa não é fazer apologia. A vaidade é um molho na salada pop que se tornou a vida do século XXI. Há quem viva a vaidade do sonho pop (de popularidade), com discrição, no dia a dia, mas a liberte no mundo da internet, no ambiente virtual. Seja em salas de bate-papo, em blogs, no Facebook, – vaidade de encontrar todo mundo a hora que se quer, de ser mais conhecido, mais descolado, mais filosófico, mais antenado, mais engraçado, mais revoltado... de propagar informações em primeira mão, de poder escolher muitas máscaras para emprestar para a mesma solidão. Outros, ainda, consomem nas revistas e nos jornais a vaidade de quem se sobressai.

Vaidade de si para si mesmo, talvez não seja pecado, apenas um dado de personalidade, pitoresco, para ser observado. Mas a vaidade do poder, utilizado para maltratar o povo, por políticos com a vaidade da ostentação de possuir o poder e de não utilizá-lo para servir ao seu eleitorado é um tipo de vaidade que ainda mantém o nosso país acorrentado. A vaidade não deve ser utilizada para oprimir, corromper, denegrir, humilhar, menosprezar. A vaidade não é um substituto de competências e capacidades, mas tem gente que tem vaidade por ter a habilidade de se auto-impingir qualidades que não possui. Esse tipo de vaidade é o cupim que rói o castelo que rui.

Escritor também tem vaidade. Artista, então, nem se fala. A vaidade do professor e a dignidade da sala de aula. Cada um tem a vaidade que merece ou deveria merecer. A vaidade da simplicidade não é tão comum, mas pode haver. A vida de cada um deveria ser a vaidade de todos. Essa esperança é uma verdade que muita gente nega. A vida tem um nariz tão bonito, mas alguém pode quebrar. É preciso, portanto, tentar evitar essa quebra.