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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Poema: Ponto Final - Erivelto Reis


PONTO FINAL
Erivelto Reis

Nessa história de ser sempre aprendiz,
Tem gente que não aprende:
Que acha que amigos
São como desenhos de giz.
Que a vida é uma sala de aula,
Que amizade é quadro negro
Desenhado com gráficos estatísticos
Respaldados em processos metafísicos.
Sentimentos não são rascunhos,
Pessoas não são desenhos...
É assim no lugar de onde eu penso que venho.
Amigos são pra toda a vida
Devem ser elogiados, reconhecidos... Prestigiados.
Se em silêncio de pacto que não possa ser quebrado,
Pelo menos, respeitados, reverenciados à distância.
Como os sonhos relembrados, ocasionalmente
Resgatados da memória da infância.
Pense nisso, guarde a ideia por toda a vida:
Amigos não são rabiscos, que se apagam ao final do ano,
Ao final de uma aula, de uma lição nem sempre aprendida.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Poema: "Valsa Lenta" - Erivelto Reis


Valsa lenta
 Erivelto Reis

Não te peço pra ficar
Não me proponho a ir embora
Nessas horas o coração não colabora.
É impossível inventar uma história:
A discussão é o enredo que corrobora
O desfecho da mágoa na memória.

Perdoados foram os pecados
Mas os pecadores continuaram agindo...
A planta seca já não brota,
A lágrima falsa escorre, mas não rola.
A valsa é lenta e demora.
Despedida é ato falho da fala,
Inventário da falta
Quando o amor que havia já não salva.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Poema: Reboco - Erivelto Reis


REBOCO
Erivelto Reis

Meu pai construía uma casa que não acabava nunca
Tijolos aparentes, reboco reticente.
Não acabava nunca a construção da casa,
Mas meu pai se acabava, todo dia um pouco

Faltava dinheiro pro cimento
Pra ferragem, pro tijolo...
Estávamos todos juntos
Mas meu pai se acabava todo dia um pouco.

Perseverar era o que mais fazíamos
Embora não conhecêssemos a palavra.
Não conhecer certos vocábulos
Nos envergonhava menos do que
As verdades que não dizíamos .
Mas meu pai se acabava todo dia um pouco.

Permanecíamos atentos
Vendo a casa ser erguida, terminada
Mas não vimos meu pai padecer.
Ladrilhamos a casa, desfizemos o lar...
Brigamos por ela,
Pela casa terminada que meu pai
Nunca chegou a conhecer.