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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

"Semana de Prova" - Poema de Erivelto Reis

SEMANA DE PROVA
Erivelto Reis
Foge da mente o que eu achava que conhecia,
Aparece a memória da dúvida que há muito eu não via,
Ou a certeza de que eu duvido do que lembrava que sabia.
O colega não empresta o fichário,
O relógio não desperta no horário,
O motorista não para no ponto,
Já chego atrasado, esgotado e tonto.
A prova já foi distribuída,
Me dá uma dor de barriga,
Bambeiam as pernas, eriçam os pelos…
Até barulho de papel de bala me irrita.
Só cai na prova o que foi dado no(s) dia(s) que eu faltei,
Aquilo que foi explicado na hora que eu cochilei,
Ou a única coisa que no caderno eu não anotei,
O capítulo da apostila que eu nem sequer consultei.
Não posso olhar pro lado
E pedir que alguém me ajude…
Não posso nem consultar
Meus amigos no Facebook.
O lápis quebra, a caneta falha,
O papel rasga, a letra enrola.
Semana de prova é a semana
Em que acontece tanta coisa esquisita:
Até esse terrível pesadelo
De quem tanto se dedica:
Da ponta do pé até a raiz do cabelo
Aos estudos, à pesquisa.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Cecília, filha de Dom Quixote - Poema de Erivelto Reis

Cecília, filha de Dom Quixote
Erivelto Reis

Para Cícero César

Cecília, creia-me,
Vosso pai é um herói romântico.
Sua luta, eu li em outro grande mestre,
Tem sido sempre com as palavras
E ele as tem vencido, dominado.
O que significa: se doado, se doído,
Melhorado...
Cecília, Quixote é teu pai,
Mas os outros o conhecem
Por sua face social,
Que pode atender como Cícero...
Francisco, teu irmão,
Laila, sua mãe...
Mas você já sente isso.
O mundo é sua casa,
A arte é seu berço,
O amor é seu lar.
Venha brincar, Cecília,
Pois as pás dos moinhos,
E as poesias dos caminhos
Movimentam-se em círculos concêntricos,
Soprando a brisa inspirada
Pelos versos de teu pai

Pelo sabor dos ventos.

Epifania - Poema de Erivelto Reis

Epifania
Para Flávio Pimentel

Andará por sobre os temas o filósofo
Mergulhará no anil das águas do saber
Levitará sobre os entraves do futuro
Questionará a caridade do obscuro
Tateará na elipse das verdades
Arranhará a superfície dos mistérios
Declinará ante as rachaduras dos discursos
Semeará flores, teses, pensamentos
Silenciará ante a ausência de argumentos.
Existirá acaso mesmo quem reflita
E se comova com a amizade e a esperança?
Transferirá aos descendentes
Tal encanto...
Que haveremos, seus amigos, seus alunos,
Sua plateia...
De perceber em seus gestos e atitudes
A epifania da infância das ideias.

Ícaros - Poema de Erivelto Reis

Ícaros
Erivelto Reis

Somos todos feitos dos mesmos átomos,
Do mesmo carbono,
Da mesma areia.
E em cada um de nós há diamantes de quilates
Infinitos de gentilezas inimagináveis,
De carinhos incalculáveis.
Somos feitos da mesma matéria que 
Compõe os anjos, as auréolas e os poemas
Nossos dilemas se estruturam com
O teatro do lúdico e do drama
Que encenamos ou que somatizamos...
Com fígados, artérias e olheiras.
Não nos diferimos por nossa existência,
Conveniências ou conivências
Nos assemelhamos por medos
Desenredos e incertezas!
Por alma, coração e porque
Sobre as nossas mesas
Pousamos as redomas que protegem (nos)
Dos sonhos que já realizamos.
O aluno é um mestre em gestação,
O mestre é o aluno do futuro
De cada geração...
Por isso o exemplo e a esperança permanecem,
Por isso a imagem que temos de nós mesmos
Não corresponde, ainda, a todo o bem que ainda faremos.
Estamos no caminho:
As asas já estão atadas!
É a chave dos céus de sobre
O labirinto o que queremos...

Ri... mas, - Poema de Erivelto Reis

Ri…mas,
Erivelto Reis
Nem sei que é feito de mim
Com esse silêncio inquebrantável!
É ausente, 
É mínimo.
É uma infância de signos,
É uma herança de ritos,
São sons e palavras
Que, às vezes, repito:
Nem sei que foi feito de mim…
Mas nem eu acredito.