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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Poema: "Família", de Erivelto Reis


FAMÍLIA
Erivelto Reis
Para os pais, mães e responsáveis pelos meus alunos e alunas 
(Pra mostrar em casa)
A sua família depende de você
Depende desesperadamente de você
Depende encarecidamente de você
Depende.
Sua trajetória, suas escolhas, sua índole,
Seu caráter, sua ética, seu respeito,
Seu reconhecimento, sua boa educação,
Sua garra, sua inteligência, sua fé,
Sua integridade, seu amor próprio,
Sua consideração, suas palavras, seu afeto,
Sua autoestima, sua perseverança,
Seu abraço, seu olhar, sua ajuda,
Sua boa vontade, seu comprometimento.
A sua família depende de você
Depende desesperadamente de você
Depende encarecidamente de você
Depende.
Sua família são seus amigos,
Os de laços consanguíneos (ou não),
Os que você conquista,
Os que não o temem,
Os que sentem sua falta,
Os que se interessam pelo que você sente,
Os que não o rotulam,
Os que o corrigem para o seu bem,
Os que põem a comida na mesa,
Os que comem juntos em comunhão.
Os que fazem gestos invisíveis
Que contribuem para o seu conforto,
O seu avanço ou a sua existência...
Os que são capazes de muitos sacrifícios
Os que torcem realmente por você
Os que se preocupam com a sua saúde,
Com o seu bem estar...
Os que querem a sua felicidade.
A sua família depende de você
Depende desesperadamente de você
Depende encarecidamente de você
Depende...

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Poema: Jaula, de Erivelto Reis


Jaula
Erivelto Reis

Não deixem as crianças condenadas
Não deixem as crianças sem pão
Não deixem as crianças sem pai nem mãe
Sem pátria, sem saúde
Pedindo a um deus infantil que as ajude
Em gaiolas, em jaulas, em prisões, refugiadas, exiladas
Confinadas, traumatizadas
É um golpe na jugular da civilização
Latinas, africanas, orientais,
(Estrangeiras... nacionais)
A uma criança não se maltrata jamais
Não tratem as crianças como
Se não fossem nada,
Como se não possuíssem nada
Elas possuem um futuro
O futuro,
Se o futuro chegar
Não deixem as crianças aprisionadas
Prenda-se aos tiranos, aos déspotas
Aos megalômanos genocidas
Não façam da infância uma ideia corrompida
Decadente abandonada
Não deixem as crianças perecerem
Nas mãos dos que matam no mundo
Mandam no mundo
Covardes, sob os holofotes
Cuidar da infância
Deve ser compromisso de todos e de cada um
No século XXI (e desde o começo do mundo)
Cada dia é mais violento que o anterior
Não deixem as crianças sem amor.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Poema: "Enamorados" - de Erivelto Reis para Gloria Regina


Enamorados
Erivelto Reis
Para minha gloriosa esposa Gloria Regina.

Que namoro de alma
É como a aura, a energia se tatua na retina...
Uma pessoa amada
Em sintonia extremamente fina,
Até que não se saiba
Onde uma alma começa
Onde a outra reinicia.
Que namoro de alma nunca acaba
E nunca termina.
Nosso namoro é assim, Gloria Regina,
A tua alma tatuada na minha retina.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Poema: "Vísceras", de Erivelto Reis


VÍSCERAS
Erivelto Reis
Para Roberto Bozzetti, respeitosamente.


Que os Deuses me livrem de andar pelos escombros de meus poemas!
Deixe que outros o façam:
Acostumado que fui
Às palavras vivas de poetas mortos,
Deparo-me a toda hora,
Como assombração provocativa,
Com as palavras mortas,
E as quase sem vida
De poetas vivos com os quais convivo.
E mesmo com as minhas
Cadavéricas, anoréxicas, diuréticas e biliímicas
Palavras...
Elas tombam todas,
Acham que compuseram um poema
Figurantes no fundo da cena.

Quanto aos demais autores,
Já nem espero suas palavras
Baixarem no túmulo dos livros,
Para depois assistir ao doloroso processo
De exumação a que a leitura me obriga:
Eis que as palavras surgem esqueléticas, apologéticas...
Acompanhado por um léxico, um crítico,
Um exegeta, um fantasma e um exorcista.
Parece-me que todo texto bem fundado,
Bem escrito e bem usado
Tem certo quê de anarquista, antimetafísicaespiritualista...
(Perdoe-me por esse pensamento tolo!)
Como supor que algo que nasceu,
Que brotou do sentimento, do suor do rosto
E do labor das mãos
Possa nos reencontrar em estado de completa
(de) composição?!
Vejo novamente as pobres palavras
Emergirem de seus túmulos,
De seus poemas-sepultura...
Na lápide fendida ainda pode-se ler:
“Aqui jaz tola palavra que pensou,
Que ousou tentar ser literatura.
Que jamais descanse em paz.”
Que os Deuses me livrem de andar tropeçando
Pelos destroços, pelos remorsos,
Por entre as vísceras de meus poemas e de outros mais!