Sobre a expulsão dos estudantes na UERJ e outros desmandos do governo do Estado
Erivelto Reis
Terceira semana de setembro de 2024
Invadindo (ou adentrando com um "documento") a universidade a poder de polícia pra expulsar estudantes; desvinculando receita de royalty da indústria do petróleo da obrigatoriedade do direcionamento do pagamento prioritário de aposentados e pensionistas;
superlotando o serviço público de contratações temporárias que precarizam ainda mais o serviço, o trabalhador contratado e o funcionalismo;
torrando o dinheiro do Fundeb e da venda da CEDAE em "projetos" (pra inglês ver), que
canalizam para empresários o dinheiro que deveria servir pra valorizar os servidores e melhorar de fato as condições das escolas;
aplicando técnicas de verificação de marcadores de "qualidade" na educação oriundos de esquemas abandonados pela iniciativa privada norte-americana dos anos 60 do século passado;
implementando ou permitindo a gestão remota das unidades escolares ou permitindo modelos de gestão em diversas unidades, à maneira do que se pratica na iniciativa privada, onde as escolas têm um dono e os diretores são chefes...
Isso tudo ocorrendo na cara de um governo federal de esquerda, eleito por pessoas que resistiram e prantearam seus mortos no massacre de brasileiros e brasileiras ocorrido durante a COVID, permitido e articulado por um governo raivoso de extrema direita.
O governo federal, como sabemos, não governa o estado do Rio, mas as verbas do MEC ajudam a pagar o salário dos servidores estaduais da educação. É preciso olhar o que os governadores estaduais têm feito.
Esse atual governo federal de esquerda não derrubou o hediondo novo ensino médio, que serviu e serve aos interesses da direita, quando deveria implementar uma política de Estado de educação democrática e igualitária e preferiu o "jogo político". Nitidamente o Novo Ensino médio amplia as desigualdades e o atual governo não devolveu a carga horária das disciplinas "tradicionais" pertinente e adequada à real formação dos filhos e filhas da classe trabalhadora.
O atual governo de esquerda que se mantém omisso ou a passos de tartaruga em relação à censura de obras em diversas redes estaduais e ao descontrole do que ocorre nas práticas e condições de trabalho e formativas do ensino fundamental em todo o país.
Evidentemente, o atual governo de esquerda, não se iguala ao governo anterior de forma nenhuma. Mas não está isento de crítica. Merece, por parte daquelas pessoas, como eu, que entendem que ser de esquerda é lutar contra a barbárie e os privilégios de uma classe dominante e daqueles que a emulam ou se ufanam de se prestar à violência e à covardia que ela promove, um pedido de maior e melhor atuação, atenção e sensibilidade para a compreensão do que significa sobrepor um modelo ideal de governabilidade a determinadas áreas carentes de transformação e articulação, como a educação, por exemplo, pelo que representam para a soberania do país. Ou seja, com algozes da educação, inimigos dos estudantes e dos servidores não há acordo, nem se permite que suas violências cheguem a se realizar ou que não sofram sérias e exemplares consequências. Expulsar estudantes a poder da força policial é inaceitável. Mais uma das inaceitáveis práticas de partidos e figuras políticas perversas que há décadas governam o estado do Rio de Janeiro, mas agem como se fossem seus donos.