Éter
Erivelto Reis
Não se guarda o heterônimo dos deuses,
Até que eles iniciem a vingança...
Foi quando, então, senti
Netuno esvaziar-se de mim:
Surgido entre os vagidos,
Os sufrágios e os naufrágios
Da descoberta do que em mim não mente,
Mas que minto, mito do que sinto
E sei que muita gente sente.
Apólogos ensaiados, sorrisos de mecenas,
Ilude-se o bardo, o persa, o grego,
E o oriental humano, espelho de um sol diferente.
Vá cuidar de obedecer a tudo, a todos,
E provar do manjar dos dissabores
Apertar a mão dos seus sabotadores...
E vai rir de um deus desumano
Que não tem memória, mas não te perdoa
E não cura tuas dores.
Vai procurar entender de Pessoa,
De Dante, Cervantes...
Vai pensar que o desato
Era mais seguro do que antes.
E vai se perder de si mesmo,
Até que não reste nem mesmo lembrança.
Não se guarda o heterônimo dos deuses,
Até que algum dia,
Algum deles inicie a vingança...
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