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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Poema: "Realejo", de Erivelto Reis

 Realejo

Erivelto Reis
Eu só tenho um desejo:
Que os velhos realejos
Deixem os circunstantes
Escolherem seus azares.
Pelo menos os que durarem menos,
Pelo menos os que não doerem tanto.
Não há possibilidade de pássaros extintos
Voltarem a levantar voos.
Certa vez fui à Paraty encontrar um poeta
Que se evadiu de lá...
E toda a cidade desapareceu como por desencanto.
Os animais trancados
Não são domesticados...
Só estão sob o jugo do casulo da ignorância
De quem os aprisionou.
A morte, o amor e deus explicam
Esse fenômeno de forma mais didática.
Não vão procurar justiça
Em nenhuma fórmula da física ou da matemática!
Deixem as loucuras para os domínios
Da Literatura e das surreais artes antipráticas.
Ponham pregos nos chinelos,
Parem de mastigar as sílabas e os chicletes.
Ou vão cuidar da própria vida.
Um realejo é um imã
Para o supersticioso
Que passa apressado
A procura de um horóscopo, um microcosmo.
Consultar a sorte será sempre um pedido de socorro.
Extintos:
Realejo, homem, sonho, pássaro... jamais o medo.
Amanhã será de novo o mesmo enredo!
Amanhã não haverá nenhum abraço.