A dura lição do saeb
Erivelto Reis
Não é na Sorbonne
Suborne pro saeb
Saber o que todo mundo
Já sabe
Suborne pra o saeb esconder
O que todo mundo já sabe
Ofereça passeios, viagens,
Lanches - livros não servem!
Uma avalanche de propinas,
Gincanas para maquiar a nota
Se for pouco ou nenhum o aprendizado,
“Quem é que liga, quem se importa?”
Pra livrar a cara de quem não sabe,
Pra livrar a cara de quem não ensina,
Pra esconder que o aluno não frequenta,
Pra esconder que o aluno não respeita,
Pra esconder que o aluno não liga...
Enquanto quem denuncia esse horror
Só se prejudica...
Pra esconder que o governo, o diretor ou a família se
ausentam
Se isentam, se inocentam, sobrecarregam
E culpabilizam quem trabalha na sala de aula
Superestimam quem veste a camisa
Não a da escola, mas a de sua confraria
Me diga o que você faria...
Quando quem em lugar de dirigir
Ignora a importância, a trajetória, a formação e assedia?!
E quem poderia te ajudar, se cala...
Por um lugar melhora na escala
Pra não sofrer na pele o que fazem contra você...
O governo sabe que nesse modelo não se consegue
Educar de verdade, educar pra autonomia
E não para a exclusão e servidão
O saeb sabe
Todo mundo sabe como termina:
Aprovação total numa canetada
Ou uma avalanche de assédio moral
Sob pretexto demagógico, inócuo e burocracional.
O aluno te olhando atravessado
E os colegas dizendo que você
É estranho, esquisito, excêntrico,
Esnobe e amargurado.
Há tantos discursos pra justificar...
A simulação do educar.
Não precisa questionário nem consulta
Basta ver um monte de gente adoecendo,
Desistindo da profissão,
Sofrendo sem pedir ajuda ou
Pedindo apoio e sendo ridicularizado e hostilizado...
“Não trabalhe para não sofrer
E se sofrer, faça o favor
De se acabar calado!”
A escola já sabe,
A vida não ensina!
Não é na Sorbonne...

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