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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 18 de outubro de 2025

Poema: "Cuspe", de Erivelto Reis

 

Não é a saliva escorrendo,
Não são os caninos à mostra,
Não é a desfaçatez
Nem o sarcasmo documentado.
Não é a instransigência,
Não são os capuzes e as tochas,
O segurança andando atrás de nós
Como se o mundo fosse uma grande loja,
Como se a educação fosse um grande varejo.
O cuspe não disfarça o nojo,
O cuspe não disfarça o medo,
O cuspe não disfarça o ódio.
Faz alvo da tez que lhe desagrada
Quando alguém fura a sua bolha,
Muda tudo, muda a regra do jogo...
Não é o Cérbero pensando ser São Pedro!
É a busca por uma justificativa
Indisfarçável...
A cascavel sem chocalho dando o bote
É o cuspe na cara da ordem
É o cuspe na alteridade
É o cuspe na legalidade
Não venham dizer depois
Que qualquer um dos pobres
e pretos e desapadrinhados
Não sabem os códigos tácitos, implícitos
Escritos nas paredes, nos corredores,
Nas fachadas e salas de aula
De certos tipos de miniversidades.
Todos nós sabemos os limites outros
Que nos são impostos e que teremos de transpor
Aceitar insulto como um favor,
Ameaças como avisos,
E humilhações como idiossincrasias
De discursos indiretos
De sujeitos ocultos e mal resolvidos...
Verdade é que encontramos
Os que nos compreendem e respeitam,
Mas... aqui e ali,
Criaturas horrendas nos espreitam.
Nos tratam como invasores
Que vieram andar nos seus brinquedos
Que vieram andar por seus domínios
Mas que se recusam a ir embora
No começo de um novo dia
Ou no fim de uma longa tarde.
Porque vemos que casa pode servir
Para construir um futuro
Mais digno, mais voltado para o coletivo...
Inspirados pela democracia e pela liberdade.

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