DUAL (QUAL) IDADE
Erivelto Reis
O amor se comove com duas coisas
distintas:
O gesto não feito e a palavra bem
dita.
Laços desfeitos congelam a alma,
Se alguém vai embora,
Ou fica, em segredo, querendo
partir.
A ausência vigia, a tragédia
espreita,
E o amor nem suspeita que pode
ruir...
Quem ri?
Da dor de si pela perda
Do que é outro e é amor
E, na verdade, até parece o ar...
O outro é o ar para o amor
respirar?
Quem vai contra-argumentar?!
A perfeição do amor
Provém de sua imperícia,
Do susto, da plenitude
Do que é, em um, excelência,
E, no outro, é virtude.
O vento que move o moinho
E a vela, o toque na pele,
A carícia singela...
Não dá pra medir o amor de quem
ama:
Quem ama em silêncio, quem brada
e proclama...
Quem ama ao relento, quem ama na
cama.
Duas coisas deixam o amor comovido
A vida vivida,
O tempo perdido...
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