TAREFA
Artur da Távola
Escrever é lutar contra todos os estados de espírito.
É cavalgar o próprio tédio
É passar por cima de inspirações
Tripular a esperança,
A alegria própria... tanto quanto tristezas.
Escrever não é prazer nem confidência, é tarefa!
Desafiar as palavras, exercitar-lhes o sentido,
Namorar-lhes contornos,
Espreitando sutilezas e mil significados.
Escrever é conviver com dúvidas, medo e coragem,
É dar socos na falta de assunto.
É aprender a calar, falando.
E falar... Calando.
É enfrentar ditadores, detratores,
Dez tratores ou mil elogios.
Escrever é perder o medo de si próprio
e desabrir caminhos secretos.
É varar distâncias, encontrar pessoas sós.
É velar, pensar, penar, sentir por si e pelos outros.
É fazer um bem que não se imagina possível.
É pedir licença. É errar. É querer.
É permanecer acreditando.
Revolver infâncias,
Redescobrir adolescências espantadas
Compensar, contestar, reparar...
Escrever é ato de amor feito tarefa
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