Quase você
Erivelto Reis
Você sem quem você ama
Não é você.
É uma pilha de laranjas
Da qual tiraram aquela
Que sustentava as demais.
É uma avalanche de medo...
Você sem quem você ama
É uma sequência de desastres naturais.
É um redemoinho difuso
De recordações amargurantes
É uma selfie sem identificação de semblante.
Você sem quem você ama
É muito diferente do que era antes.
Ainda que em aparência você não mude,
Você sem quem você ama
É uma muda de planta
Semeada, sem água, sob um sol escaldante.
É uma falta ambulante...
Sombra seguindo um arremedo insone.
É uma goteira de lágrimas,
Um vendaval de suspiros...
Você sem quem você ama
É o fundo do poço,
Um cisco no olho.
Você sem quem você ama
É uma notícia velha,
É Moléstia e exéquias,
Cinzas, poeira e pó.
Você sem quem você ama
Não é mais você.
É um quase você... e só.
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