A pele de Bartolomeu
Erivelto Reis
A fé,
A palavra,
O tempo,
A intimidade,
A lealdade...
As emoções à flor da pele
Têm raízes em estalactites morais,
Sensoriais, emocionais...
Estalagmites de medos
E um segredo que morreu no céu da boca
Ou na boca de qualquer um...
Habitam cavernas.
O ser humano seria uma caverna revestida de pele?
Esfolar é tocar a pele para removê-la
(Lacerar, por ódio, indiferença ou labor).
Amar seria tocá-la para fazer parte dela?!
Mas se pode esfolar sem tocar?
Assim que descobriram o poder
Os homens começaram a
Odiar pela cor da pele
A categorizar pela epiderme
A repelir, a apelar para meios cruéis
A expelir rancores, a interpelar
A pelejar contra quem peleia
Pela pureza dos ideais do coração
E assim escreveram milhares de páginas
Dos livros de ficção e de histórias.
Escolheram uma pele
De matizes de nuvem
Para representarem Deus
E assim arrancaram a pele de Bartolomeu...
A pele que habito sangra,
Arrepia e ferve quando encosta na tua.
A memória é a pele do tempo,
A palavra é a pele do poema,
A dor é a pele do trauma...
Vou tatuar na pele essa frase:
“O amor é a pele da alma”,
Ou carpe diem,
vai saber...
Mas talvez você não chegue a ver...
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