CENTRO DE MEMÓRIA, PAZ E RECONCILIAÇÃO
(Cemitério colombiano)
Erivelto Reis
Diferente do que de fato é,
Meu pai foi sepultado em Bogotá,
Numa tarde fria, muito fria e triste.
Aliás, foi lá que ele faleceu, pra mim.
Lá eu soube de seu mal súbito,
E de lá nunca pude escapar
Pra ouvir suas últimas palavras,
Pra olhar no fundo de seus olhos miúdos,
Verdes de menino triste,
Socorrê-lo,
E dizer o quanto o amava.
Da estação do Transmilênio,
Li rapidamente uma grande placa:
Centro de Memória, Paz e Reconciliação...
No alto de Montserrat
Ou na praça tão inumanamente silenciosa e vazia
Que testemunhou a confissão
Mais dolorosa da desgraça mais profunda
Que de um filho pudesse partir:
A dor pela constatação de desexistir...
Sou um cemitério colombiano,
A memória eu já tenho...
Não há horizonte pra onde eu possa ir.
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