Masmorras
Erivelto Reis
Apenas por milagre,
Hei de tornar a beber
A lágrima do teu vinagre.
Escuta:
Afaste de mim este cálice da tua cicuta:
Fel – cúpula de negar o céu,
Infernal arma com que a eternidade
Tenta ou agride a quem a denigre:
Oferta onipresente,
Desconto onisciente de passado...
Eis o saldo da vida: juro (s).
Cobrados dos antepassados
E pelos descendentes descontentes.
Na minha casa as paredes são de sal
E choro e despedaçam-se nos dias de festa,
Finais de semana e feriados.
Existir é uma forma de punir e de nos sentirmos
Permanentemente culpados.
Apenas por milagre hei de acreditar em milagres.
O que acontece a quase todos...
Assim estabelece-se uma meta!
Preciso que um novo futuro se aproxime,
Não posso mais extinguir (–me).
Nessa antiga idade média,
Que importa que eu não aceite?
Necessito que me cr(l)eias:
Fritarei no azeite escaldante do teu sol,
Apodrecerei nas entranhas de minhas próprias veias
Ou no fundo do tempo de tuas masmorras...
Manténs-me vivo,
Para que todo dia eu morra.
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