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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 22 de agosto de 2020

Crônica: CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ: UMA ANEDOTA NOIR, por Erivelto Reis

 

CINEMA COM PIPOCA E GUARACAMP

O BONEQUINHO DEGUSTOU

6/10 – CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ: uma anedota noir...

 

                O Bonecão, alter ego do culinarista e agricultor, farol e oráculo cinematográfico dessa quarentena, Roberto Bozzetti, me convidou a listar as minhas dez comédias. Este já é o sexto título elencado.

Com a semelhante premissa imperativa no título, a exemplo de Apertem os cintos... o piloto sumiu!, CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ (1988), foi uma das comédias mais interessantes que já assisti. Traz maior destaque para o engraçadíssimo Leslie Nielsen e repete a fórmula da sátira de Apertem os cintos..., só que desta vez, relacionando a gozação, a subversão visual e narrativa aos filmes policiais especialmente, àqueles do cinema noir, (expressão criada em 1946 por Nino Frank) francês e norte-americano – uma estética ou um ciclo que se coaduna ao gênero policial, agregado de uma narrativa de acontecimentos de destacada tensão, e com forte suspense centrado ou provocado pelas atitudes de uma misteriosa femme fatalle (Laura, Gilda, Rebecca,  Jéssica Rabbit), bem característicos das décadas de 40 e 50.

Entre os franceses destacam-se: “Expresso para Bordeaux” (1972), “Vício Maldito” (1958) e “Como fera encurralada” (1960). E entre os norte-americanos dos quais Billye Wilder e Alfred Hitchcock foram grandes mestres: “Marca da maldade” (1958) “Farrapo Humano” (1945), “Pacto de Sangue” (1944) e “Crepúsculo dos deuses” (1950). Aliás, o Bonecão poderia maratonar e listar os melhores filmes noir do cinema. Que tal?

Como traços predominantes no cinema noir, explorados na comédia dos irmãos Zucker,  especialmente se destacam a narrativa em off (uma voz que dialoga e elucida parcialmente a linha de pensamento que o policial/detetive/investigador vai seguindo ao longo da trama), no clichê de apaixonar-se ou envolver-se sexualmente com aquela que será a principal suspeita, diálogos na viatura, encontros fortuitos e o embate com o – em geral, surpreendente criminoso/a.

A equipe de produção daquela que se tornou uma franquia com três filmes CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ; CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 21/2 (1991) e CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 331/3 (1994) já vinha trabalhando junta desde a série Police Squad (Esquadrão de polícia, 1982), é a mesma de Apertem os Cintos...: David e Jerry Zucker e Jim Abrahams.

Não basta dizer que Frank Drebin é atrapalhado: ele é atrapalhado, politicamente incorreto e tem muito pouco da perspicácia dos antigos detetives dos filmes policiais. Seu êxito é mais frequentemente decorrente dos desencontros dos seus opositores e inimigos, do que de suas habilidades como policial.

Além da sátira, CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ, vai agregando a cada filme a capacidade de parodiar com perfeição cenas do cinema a sério, clássico ou blockbuster, como na clássica abertura de 331/3 em que a cena do confronto na estação ferroviária em “Os intocáveis” é recriada com ajuda de sósias de líderes mundiais e muito deboche. Ou ainda, a romântica cena de Ghost...  E dica, não tire o olho da tela porque as piadas visuais se sucedem Imperdível. Corra pra assistir.

A arte culinária, evidente, é do Bonecão, Guia Michelin da boa mesa, Roberto Bozzetti.  O prato do dia é Rã. 17 de fevereiro de 2019.


1988



1991

1994

Roberto Bozzetti, criador do Bonecão, prepara Rãs. 17/02/2019 


 

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