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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Crônica: TODO MUNDO EM PÂNICO: ou o retrovisor dos 80, por Erivelto Reis

 

CINEMA COM PIPOCA E GUARACAMP

O BONEQUINHO DEGUSTOU

7/10 – TODO MUNDO EM PÂNICO: ou o retrovisor dos 80.

                                                                               Para o Marcos Pasche...

 

                Fui convidado a listar as minhas comédias preferidas pelo Bonecão, benfazejo realejo, operado por Roberto Bozzetti. Eis que a lista vai se afunilando e já deixou de ser lista faz tempo.

            Devido ao sucesso comercial que alguns filmes de comédia alcançam, acabamos por nos acostumar a percebê-los não isoladamente, mas como a abertura de franquias, aquelas obras de continuação praticamente certa. Algumas anunciadas inclusive nos trailers ou nos créditos finais.

            À reboque de comédias como “Apertem os cintos...”, que satiriza os filmes-catástrofe; “Corra que a polícia vem aí”, que satiriza os filmes policiais-noir; TODO MUNDO EM PÂNICO  (2000), pretende satirizar os filmes de terror e suspense com a paródia não apenas de seus vilões e principais clichês, como ainda, se valendo de outras produções de grande alcance de bilheteria para com elas sustentar a sua comédia.

            Os irmãos Wayans (aqueles de As branquelas e O pequenino), Anna Ferris, Charlie Sheen encabeçam o elenco que conta com participações especiais, sósias de Michel Jackson, de celebridades americanas como Tom Cruise e Oprah Winfrey e tem em filmes como O Chamado, Pânico (naturalmente) O Grito, Sinais, A vila, Sexto sentido, Os outros, O exorcista, A bruxa de Blair, Jogos mortais, Poltergeist, O iluminado, Sexta-feira 13, Eu sei o que vocês fizeram no verão passado seus jogos metaficcionais preferidos para a sátira e a paródia ao longo dos cinco filmes da franquia.

A ideia de compor um novo roteiro de paródia a partir da subversão de fragmentos, menções, releituras de cenas de filmes clássicos ou dos recentes sucessos de bilheteria já aparecera em Top Gang (1991) e Top Gang II, com elementos extraídos de filmes como Top Gun: ases indomáveis, OO7, Rambo e com elenco encabeçado por Charlie Sheen e com direção e roteiro de Jim Abrahams, o mesmo de “Apertem os cintos...”  e “Top Secret: superconfidencial” (1984), parodiando Elvis Presley e os filmes sobre a Segunda guerra, também de David Zucker e Jim Abrahams.

Assim, os anos 80 e 90 assistem as comédias de sátira, de filmes de comédias-românticas adolescentes como Porkys (1982), (também uma sátira aos filmes dos anos 50, estilo James Dean) Picardias estudantis (1982), O último americano virgem, (1982), gatinhas e gatões (1984), O clube dos cinco (1985), Admiradora secreta (1985), Namorada de aluguel (1987) Te pego lá fora (1987), entre os quais, seguramente, Curtindo a vida adoidado (1986) e De volta para o futuro (1985) são ícones, e aos filmes que misturam ação e doses de humor e comédia (alívio cômico, trocadilhos, bordões, frases de efeito, humor de testosterona) como Indiana Jones (1981), Um tira da pesada (1984), Os caça-fantasmas (1984), Goonies (1985), O rapto do menino dourado (1986), Duro de matar (1988), Inferno vermelho (1988), Tango e Cash (1989), Alta tensão (1990). Claro que os anos 80 não se resumem a isso em matéria de comédias híbridas e blockbusters. Há ainda obras muito populares como Um príncipe em Nova York, Trocando as bolas, Como eliminar seu chefe, Três solteirões e um bebê, Quero ser grande, Um dia a casa cai, Os fantasmas se divertem.

Ao mesmo tempo, comediantes tidos como clássicos do cinema, da Televisão, do teatro como entretenimento e do one showman / stand-up, durante os anos 70, como Dudley Moore (Arthur, o milionário, Arthur, o milionário fracassado e Crazy people: muito loucos), Steve Martin (Roxanne, Três amigos, Antes só do que mal acompanhado), Jon Candy (Quem vê cara não vê coração, Spaceballs – também uma sátira a Starwars, Splash: uma sereia em minha vida e Quem é Harry Crumb?), Chavy Chase (Férias frustradas – e continuações – e Clube dos pilantras) embora tenha uma produção mais sistematizada e segmentada e menos êxitos de bilheteria, o que não significa menor qualidade, talvez padeçam de uma falta de percepção da transição para o hibridismo e a pretensa modernização da nova linguagem cinematográfica. Aqui não se fala ainda em inclusão, politicamente correto e representatividades. É um estilo de comédia que, ao ser relido, soaria como racista, sexista, machista, misógino, xenófobo e preconceituoso. Eram os anos 80, portanto.  

Queria falar e falei de filmes de comédia que me são muito caros. Principalmente de comediantes pelos quais tenho grande admiração como Steve Martin, Eddie Murphy e Dudley Moore. Se é possível rir e levar susto ao mesmo tempo com TODO MUNDO EM PÂNICO, não tem como não se assustar com um texto desses...

A arte culinária, pasmem, é do Bonecão cosmopolita astroclimaliteratogastronômico Roberto Bozzetti. Moqueca de jaca. 6 de março de 2019. E a imagem em que Pasche vê Bozzetti na tela de seu computador é uma fotomontagem surrealista intitulada "Les amis".

Cartaz do filme (2000)

Na imagem pode-se ver os professores Marcos Pasche e Roberto Bozzetti (na tela).
Trata-se de uma fotomontagem intitulada "Les amis".

Moqueca de jaca. 6 de março de 2019.

 

 

           

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