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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Poema: "Vintage", de Erivelto Reis

Vintage
Erivelto Reis

À moda de Patrick Furtado

A ruga é!
O olhar também,
Chorar e sorrir são...
O passado, sem dúvida!
A ilusão.
As marcas nas costas das mãos,
O álbum de retratos descoberto no porão,
Ex-amores vingativos,
Amigos de longa data,
Suspensórios, honra e gratidão,
Silêncio na alma,
Calça boca de sino,
Futebol de botão.
Vinho do Porto envelhecido,
Retrospectiva do destino,
Infância na memória,
Livro que conta estórias
Essa rima,
Ruína,
Arrependimento.
Vestuário, decoração, comportamento.
É o tempo, deslocado,
Levando vantagem.
Toca-discos, toca-fitas
Vídeo cassete,
O que eu era antes,
E, daqui a pouco,
O ano dois mil e dezessete.




quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Poema: "Masmorras", de Erivelto Reis

Masmorras
Erivelto Reis

Apenas por milagre,
Hei de tornar a beber
A lágrima do teu vinagre.
Escuta:
Afaste de mim este cálice da tua cicuta:
Fel – cúpula de negar o céu,
Infernal arma com que a eternidade
Tenta ou agride a quem a denigre:
Oferta onipresente,
Desconto onisciente de passado...
Eis o saldo da vida: juro (s).
Cobrados dos antepassados
E pelos descendentes descontentes.

Na minha casa as paredes são de sal
E choro e despedaçam-se nos dias de festa,
Finais de semana e feriados.
Existir é uma forma de punir e de nos sentirmos
Permanentemente culpados.
Apenas por milagre hei de acreditar em milagres.
O que acontece a quase todos...
Assim estabelece-se uma meta!
Preciso que um novo futuro se aproxime,
Não posso mais extinguir (–me).
Nessa antiga idade média,
Que importa que eu não aceite?
Necessito que me cr(l)eias:
Fritarei no azeite escaldante do teu sol,
Apodrecerei nas entranhas de minhas próprias veias
Ou no fundo do tempo de tuas masmorras...
Manténs-me vivo,
Para que todo dia eu morra.