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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Curtametragens, de Erivelto Reis

I
A cada "vitória", um tropeço,
A cada discurso, uma vergonha,
Você se perde e pensa que ganha...
A cada explicação, uma complicação,
A cada defesa, uma implicação.
Segue seu caminho assim:
Tudo tem seu preço,
Afinal,
Seu fim é só o começo.

II
(Fu)mantes
A falácia do seu
Silêncio
Tá poluindo todo
OxI, gênio...

Poema "Libra(s)", de Erivelto Reis

Libra(s)
Erivelto Reis

Assistir seus amigos partirem
É um tipo de solidão transitória
Na esperança de que outros surjam...
Amigos são o esteio da estrada
O amparo e o abrigo.
Suas lembranças serão celebradas.
Ou discretamente guardadas.
Partir e deixar seus amigos
É a solidão definitiva!
É o mesmo que nenhuma vida vida,
Que nenhuma rima
Tem razão
Que a linguagem das Libras
São o aceno e o silêncio e o vazio
Das mãos na hora das despedidas
Quando nenhuma metáfora faz sentido...
A pior solidão é partir, partir-se, ir partido.
É perder a quem se admirou
E amou como amigo.

Poema: "Três maneiras", de Erivelto Reis

Três Maneiras
Erivelto Reis

Três maneiras de usar álcool:
Torpor,
Ardor,
Amor...

"Um poeminha para Flávio e Cícero", de Erivelto Reis


Um poeminha para Flávio e Cícero
Erivelto Reis

Bem aventureiros os que têm filhos na idade da vida em que o amanhã demora
Bem aventureiros os que bebem as marcas que desejam
Bem aventureiros os que soltaram pipa, os que jogaram bola, ping-pong
Bem aventureiros os que os cães botaram pra correr, os que foram mordidos
Bem aventureiros os que acordaram cedo, os que dormem tarde
Bem aventureiros os que trabalharam em bancos, os que devem aos bancos
Bem aventureiros os que foram psicólogos, os que foram aos psicólogos
Bem aventureiros os que disfarçaram o vazio da garrafa com guaraná e desculpas
Bem aventureiros os que respeitaram os irmãos e honraram as mães viúvas
Bem aventureiros os que foram femininos, feministas, felizes
Bem aventureiros os que escolheram literatura e filosofia
Bem aventureiros os que não riram dos canastrões e dos canalhas
e nem tiveram medo de avisar que seus números não agradaram
Bem aventureiros os que promoveram o casamento incestuoso
da poesia com a música
Bem aventureiros os que choraram assistindo a vida dos outros e azul é a cor mais quente
Bem aventureiros os que se calaram porque ante seu grito, só a fúria encontraria êxtase
Bem aventureiros os que são simples, sendo bons, sendo humildes
sem se fazer de simplórios, de tolos ou permitindo a própria humilhação ou de outrem
Bem aventureiros os que encararam a vida com tanta força
apesar de só lhes terem permitido a sensibilidade como poder
Bem aventureiros os que sorriem e praguejam como meninos
cujo dente de leite acabou de cair
Bem aventureiros os que foram proscritos da roda dos arrogantes
Bem aventureiros os que a arte e as culturas populares conhecem tanto
quantos lhes conhecem os cânones e os eruditos
Bem aventureiros os que escrevem a verdade da vida
com a ficção dos livros.