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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 27 de julho de 2013

Poema: "Sem asas"- Erivelto Reis



SEM ASAS
Erivelto Reis

Tenho uma simpatia triste
Por quem chora, sofre e persiste.
Tenho uma pena danada
De quem apenas assiste
E nunca faz nada.
Tenho uma simpatia triste
Por quem adoece sem querer,
Por quem vai embora sem se despedir,
Por quem é escravo da moda,
Assiste TV, sozinho, até a madrugada.
Com quem se olha no espelho,
Atira as cinzas ao mar,
Sepulta o sonho
Que não vai realizar.
Tenho uma simpatia triste
Por quem atira verdades como bombas
E silêncio como armas...
Por quem cumpre carmas!
Paga penitência de promessa sem graça,
Por aqueles a quem faltam as palavras
Que me sobram, mas que não me bastam.
Por quem tem a família longe de casa
Por quem quer voar, sabendo que não tem asas...
Tenho uma simpatia triste
Por quem sofre e chora,
Mas não desiste.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Poema: "Nenhuma dúvida" - Erivelto Reis



Nenhuma dúvida
Erivelto Reis
Diante da unanimidade
Do branco dos olhos, da certeza da morte...
E da certeza de que ser livre
É um direito de quem vive;
Uma pergunta inocente
Se repete, aguda, dura, forte:
A Vida é a Mãe da Liberdade?
Ou a Liberdade é que a Mãe dela?!
A Vida é filha do Tempo?
Ou o Tempo é que é o Pai dela?!
Pai dela...
Mãe dela...
O vento – que ninguém aprisiona, mesmo se o prendem –,
 Assovia a resposta com um som,
Que nem todos entendem,
Mas que diz do poder que essa personalidade encerra:
Nelson...
Mandela...

domingo, 7 de julho de 2013

Poema: "Dr. House" - Erivelto Reis


                                                                      Dr. House
                               Erivelto Reis

Mais simples do que se pensa,
Por isso, mais complicado:
Seja qual for a doença,
Seja qual for o sintoma,
A solidão com frequência
É sempre o remédio errado.

Crônica: "Pedro Henrique, o manifestante: ou 'a maior arquibancada do Brasil' " - Erivelto Reis

PEDRO HENRIQUE, O MANIFESTANTE:
OU “A MAIOR ARQUIBANCADA DO BRASIL”
Erivelto Reis

− Pedro Henrique, você é um canalha.
− Não, Momucha. Que isso?!
− Pedro Henrique, você não me engana!
− Essa camisa velha, Pedro Henrique?
− É a camisa do time, Tchutchuca!
− Tá escrito “off line”, na minha testa, Pedro Henrique?!
− Não, Bibita! Claro que não!
− Você já vai pra manifestação de novo, Pedro Henrique?! Tua tática é essa: o PM te segura, a camisa rasga e tu foge. Pensa que eu não sei?! Ou então: tu coloca ela no rosto pra dar entrevista pra televisão e ninguém saber que tu fala “Mim” conjugando verbo só pra despistar.
− Não, Totosa. Vou pro futebol.
− Mentira. Seu Renan Calheiros de subúrbio!
− Mozão, não faz assim. Tu me ofende. Me chama de Che Guevara de Realengo, vai!
− Nunca! Prefiro perder a ternura. Seu cafajeste. Você jurou que não iria mais pra essas passeatas.
− Não é passeata, amor. É manifestação.
− Qual a diferença?
− Manifestação é masculino, amor. Passeata é… Bem, passeata é um movimento organizado.
− Pedro Henrique, seu escroto. Tua sorte é que eu te amo!
− Eu sei, Poderosa! Prepara… agora…
− Nem vem que não tem, seu Hugo Chavez no Cio. Seu Fidel Tarado.
− Benzoca, tu sabe que eu sou doido por uma revolução, né.
− Vai tirando o Lênin da chuva! Vira esse Trotsky pra lá.
− Você me prometeu que não iria mais querer mudar o país.
− Mas eu tô na minha, Gatona.
− Esse roxo no pescoço, Pedro Henrique?
− Foi chupão de uma Maria Chuteira, Nenhêee!
− Isso foi tiro de bala de borracha, Pedro Henrique!!! E esse olho vermelho, o que foi, hein?!
− Foi uma Maria Joana, Tezinha do meu coração. Só um bequizinho…
− Isso é gás lacrimogênio, Pedro Henrique. Tu tá indo todo dia pra manifestação. Depois do Vídeo Show ou antes do Datena, tu se manda pra tentar expor a fragilidade claudicante dos desmandos políticos e conluios esdrúxulos entre políticos e empreiteiras no Brasil, seu Joaquim Barbosa da Zona Oeste.
− Fofolete, do que tu tá falando?
− Tu quer acabar com a corrupção, Pedro Henrique!!!
− Hein?! Quê?!
− Bem que minha mãe me disse. Agora tu vai escolher: ou a manifestação ou euzinha. Pensa bem, Pedro Henrique. Pensa bem.