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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Poema: "Escravo em Babilônia", de Erivelto Reis

Escravo em Babilônia
Erivelto Reis
Pra Cícero, doador ambulante de Poesia...

Escravo é um homem sem tempo,
Quando os que compram seu tempo
Não pagam por tudo o que ele significa.
Escravo é um homem endividado, evadido,
Inviável, que não tenha qualquer coisa de invejável.
Que paga com a vida
Por um sono que jamais será tranquilo.
Escravo é uma mãe aflita
Porque seu filho ou sua filha,
Ou qualquer um de sua família,
Até ela mesma –
Não têm certeza
De um feliz retorno à própria casa.
Escravo é um homem
Sem vaidade, em estágio constante de vertigem,
Por pedra, tropeço, droga ou paixão
Que cesse ou que aplaque
A ilusão de liberdade que simule.
Escravo tem sempre a mão estendida,
Presa por grilhões de afago,
Reconhecimento, poder ou apoio.
Que se dê a guisa de esperança.
Escravo é nascer e nunca ser criança...
É amar e não produzir lembrança,
É existir apenas de aparência,
É ser objeto abjeto de uma desciência.
Não olhe pra mim com esses olhos:
Há algo neles que não me liberta,
Há um lago neles que me aprisiona.
Há um logo neles que me dá vergonha...
Escravo é todo aquele a quem
Tentam impedir de amar e ama.
Que impedem de sonhar
E sonha...
Escravo é o poeta nos lapsos da escrita,

Nos arredores de tudo quanto chamam vida.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Poema: "A traição dos paradoxos", de Erivelto Reis

A traição dos paradoxos
Erivelto Reis

Morre um pouco de nós,
Quando os que amamos morrem.
Mas não morre em nós
A memória dos que amamos.
E isso dói –
Eterna sina do herói:
A cristalização das saudades,
Dos remorsos...
Essa é a traição dos paradoxos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

POEMA: "MONÓLOGO DE UM FORASTEIRO QUE NÃO SABIA O QUE SE PASSAVA EM DENVER", de Erivelto Reis

MONÓLOGO DE UM FORASTEIRO QUE NÃO SABIA O
QUE SE PASSAVA EM DENVER
Erivelto Reis

Para Cícero César e Flávio Pimentel
Alguém desarme esses homens
Antes que eles derramem mel nas nuvens
E pólvora nos ouvidos.
Sua sina, sanha ou meta
De vingar com as palavras
Que escamparam da morte
Os que delas precisaram
E foram silenciados,
Vai lavá-los à forca,
Às cruzadas, palavras-cruzadas,
E à estupidez dos lúcidos
Ante o inexorável.
Não veem - os que se julgam arautos!
Que em Denver
A honra se faz com
A caneta e o papel
E duas doses de tequila
Com sal e limão...
Ou qualquer destilado
Porque deste lado do balcão
Quem serve o freguês
Não sabe nunca
Quando o seu pedido é último
E quando será a sua vez.
Bebam tulipas de cerveja gelada
Passem ao largo!
Pelas ruas de Denver só suas sombras
Devem deixar rastros.
Não sei bem quem são,
Mas pela liberdade
Com que expressam
Sentimentos e polêmicas,
Ah, amigo, esses caras
Só podem estar querendo
Arrumar confusão!
Eu que não vou mexer com eles
Vai que eles sacam as armas,
Puxam o gatilho
E matam todo mundo
Com um novo poema lindo
Ou com uma bela canção.
Eu quase pedi pouso em Denver,
Mas esse lugar não é para os fracos, não.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Poema: "Presságio", de Erivelto Reis

PRESSÁGIO
Erivelto Reis
Para os meus alunos e alunas
que tiveram dificuldades esse ano

Não há nada que eu ofereça,
Nessa etapa da jornada,
Que sinalize seu caminho,
Que pavimente a sua estrada.
Posso dizer um adeus, um até logo, até breve...
Pedir, pública ou silenciosamente,
Que os bons ventos te levem:
Preservem-te no que houver de melhor.
É pouco antes da noite,
A maré sobe lentamente,
E a areia, escaldante, arrefece...
Padece o professor que se despede
Do aluno que não soube ser discípulo,
E, mais ainda, daquele que de há muito superou o mestre!
Nessa praia só há horizonte e profundidade
Uma única escolha de futuro ou de naufrágio...
“Que os bons ventos te levem”
Repito, ao longe, num presságio.

Não há nada que eu ofereça...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

POEMA: ETC/ECT, de Erivelto Reis

ETC/ECT

Erivelto Reis

Caros amigos,
Eis os que vos proponho:
Não paremos de lutar!
Eu vou continuar
Compondo os poemas que componho,
Escrevam cartas, e-mails, posts, músicas,
Todas as formas de amor, comunicação e arte...

Porque a vida, às vezes, extravia o sonho.