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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Poema: "Tampo", de Erivelto Reis


Tampo
Erivelto Reis

É o tampo bambo de uma mesa,
Afixada numa calçada do mundo,
O palco improvisado e improvável
Do sucesso:
Do poema-protesto,
Do poema-político,
Do poema-irônico,
Do poema-satírico,
Do poema-silêncio,
Do poema-testamento,
Do poema-confissão,
Do poeta, cretino-crítico,
Inimigo libertador de si mesmo...
Sua plateia é outro bêbado,
Um incauto como testemunha,
Um prato de linguiça ou de torresmo,
Uma cerveja choca(da), a lembrança torpe
De um amor destilado.
O vômito é que é, de verdade, um poema visceral:
O resto do poeta, que escapa
Por um esgoto lacrimal.
E entre uma folha de papel amassada, rasurada,
Uma fala grotesco-enrolada,
Dá vazão a um elogio feito de forma grosseira.
A cartografia dos afetos
Do Poeta De Calçada
Localiza-se entre o estrelato pretendido,
A sarjeta a ser evitada
E a saideira (do bar ou da vida):
Entreato e reestreia,
Encenação e reprise
De uma mesma tragédia intelectopseudo-suicida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Poema: "Proibido", de Erivelto Reis


Proibido
Erivelto Reis

Animais domésticos
Produtos cosméticos
Porres homéricos
Acidentes isquêmicos
Paradas cardíacas
E outras paradas
Amores platônicos
Romances românticos
Atores histriônicos
Voos supersônicos
Consumir tóxico
Canudo de plástico
Confiar em Horóscopo
Placas de trânsito
Ânsia de vômito
Pisar nos crisântemos
Proferir anátemas
Só viver é permitido
Entre as reticências
Entre as aparências
De todas as aspas.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Poema: "Araque", de Erivelto Reis

Araque
Erivelto Reis

Não venha com essa história esfarrapada
De que o que você passou
Não te faça mais sensível a nada e ninguém
Educação é ter respeito.
Pare agora com esse teu mau hábito!
Vou prender a respiração
E ficar distante do arame farpado
Que te cerca.
Tem muita poeira na tua biblioteca!
Não quero me intoxicar
Com o gás metano do teu hálito.
Desabafo:
Deve ser triste ter de diminuir
Aos outros tentando se sentir maior.
Teu espelho te olha e sente dó.
Ilusão de ótica, desilusão de ética.
“Vergonha”
Em quantos idiomas se soletra?
Na falta de discussão,
Acho melhor é te deixar no vácuo
Pseudossábio, Pseudo-almanaque
Alma seca, Gênio de araque!
Não brota um elogio do teu lábio.
E que a tua arrogância te massacre.