Quem sou eu

Minha foto
Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Poema: "Salvador", de Erivelto Reis


Salvador
Erivelto Reis
Para Cinda e Ronaldo

Salvador, não se rende,
Entende:
Os déspotas, que disparam contra ti e teu povo,
Jamais, jamais se arrependem!
Constrói com teu sangue, teu legado,
A história de luta
De um povo e de outros povos
Tão frágeis e fortes como os nossos...
Para que conheçam tua sina,
Salvador, não se rende.
Torna evidente a sanha, a ira
Dos corruptos, dos meganhas...
A chaga assassina de tua derrota
Produz em nós a sede não de vingança
Mas pelo gosto licoroso da liberdade,
Que nos aquece e aguça, como um verso de Neruda,
E nos mantém a todos atentos
À palavra que cala, que cega e mutila,
Porque proferida por ditadores devassos,
Porque feita de fel, horror, violência e mentira.
Nossos ouvidos, olhos e cérebros
Saberão traduzir o idioma dos nefastos...
E se voltarem, há de encontrar-nos, armados, irmanados
Por justiça e democracia.
Salvador, não se rende, não desiste.
No Chile, no Brasil, na Argentina,
Na América Latina – toda ela
Carcomida por traidores e vermes
Disformes em seus propósitos.
Salvador, não se rende,
Porque, de trabalhadores a presidentes,
Qualquer um de nós poderá ser o próximo.
Por favor, Salvador, não se rende.


sábado, 8 de setembro de 2018

Poema: "Drone", de Erivelto Reis


Drone
Erivelto Reis

É porque sonho
Que me querem insone,
Inquieto e longe...
Silencioso e temente
Do poder de suas análises
De personalidade e comportamento.
Comportam-se melhor
Os que sepultam sonhos
Par-ce-la-da-men-te?...
Com desfaçatez disfarçada
De altivez e experiência?!
Bruxos que bradam (paz)ciência,
Que ofendem a arte,
Que proferem a ciência
Que desconhecem,
Em troca de empatia momentânea
E de um pedaço de papel
Sem serventia.
É porque, por princípio, brigo
Que me batem, acusam e denigrem.
Não sei onde meus sonhos me levam,
Como não sei onde essas (anti) socioconsciências residem...
Suspeito que abismos e naufrágios signifiquem mais que tréguas!
Parecem estar no mesmo barco,
Mas observam a descida no conforto do porto,
Por imagens do alto,
Captadas por um drone:
É porque sonho
(e porque sei voar e nadar)
Que me querem insone...
Com uma âncora que me sepulta
No fundo de um abismo ou no fundo do mar.