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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Poema: "Ruminantes", de Erivelto Reis

Ruminantes
Erivelto Reis
Não é Chilique!
Não é boicote.
É que o povo do Chile
Não aceita o chicote.
América Latina
Não servirá de latrina
A nenhum governo neoliboçal...
Verás que Santiago, Bogotá, Brasília
Capitais, não capitanias,
Não sucumbirão ante os déspotas,
Ante os generais. Jamais.
Ecoará o Canto Geral de Neruda,
A Grândola Vila Morena,
De Zeca Afonso, em Portugal.
As canções de Violeta Parra e
A força do canto de La Negra Mercedes Sosa
Farão, à maneira de Garcia Márquez,
Cem anos de Revolução.
Buenos Aires, Quito, Caracas,
São Paulo, Seropédica e Rio
Irmanarão, na procissão dos persistentes,
Que é o povo na rua,
Os Refugiados, os desempregados,
Oprimidos, anônimos e descontentes.
Criolo, Conceição Evaristo,
Fernanda Montenegro e Chico Buarque
Estarão na linha de frente.
Em oração polimística por Marielle,
Pela Educação
E pela Cultura, aos pés do Cristo...
Relembrarão que navegar é preciso.
Cabra marcado pra morrer,
Não morre sem denunciar a arrogância
De quem se ufana e se esconde
Atrás do poder.
Não é utopia, não é ameaça,
Não é Chilique!
É só que o povo do Chile
Não aceita mordaça, trapaças e trastes.
Ao povo a Democracia que pertence ao povo!
Aos canalhas, que o mato cresça
E que os ruminantes defequem
Sobre vossas lápides.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Poema: "Cataléptico", de Erivelto Reis


Cataléptico
Erivelto Reis

Sucumbir
ante a surpresa
desnaturalizado o afeto,
coração lateja
víscera que lacrimeja sangue
esperamos espólios
de batalhas perdidas.
Quando (e se)
voltar da guerra,
rei de si,
preste reverência a quem morreu lutando.
Enlutados, sublimamos
pequenos cárceres
é em nós que residimos
e de nós nos expulsamos...
é em nós que jazemos
a cada solidão
que nos assalta.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Por ora, são. - poema de Erivelto Reis


Por ora, são...
Erivelto Reis

deus me livre de ensinar gente sem amor,
gente sem sentimento,
gente sem escrúpulos...
alguém me livre desse tipo de gente.
deus me livre de ensinar gente sem ética,
gente sem entusiasmo:
transforme meus dias todos num imenso marasmo,
se for pra fornecer pérolas aos meus próprios carrascos.
deus me livre de dizer um poema, ler uma crônica,
um capítulo que seja de qualquer romance de qualquer autor ou autora...
que deus proteja todo bom professor ou professora!
e qualquer desses se algum dia o fora.
deus me livre de discutir um aspecto de qualquer teórico
 ─ estudioso ou estudiosa ─,
pra uma gente sem autocrítica,
sem desejo de diálogo, sem noção do tamanho de seu autoegoplágio,
da antievolução de seu estágio,
cujo sarcasmo é a maior nota de seu histórico.
prefiro ficar calado, afastado, amuado, arrasado,
do que forçadamente silenciado.
deus me livre desse desagrado.
deus me livre desse pranto: me coloque no meu lugar,
bem quietinho, no meu canto,
nem no mundo do fim, nem no andor do santo
junto das pessoas que têm o que compartilhar
e humildade ao ensinar e ao aprender.
deus me coloque juntos dos meus!
deus me livre desses tipos:
de rótulos, estereótipos.
e me aproxime de quem
quer ler.