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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 26 de maio de 2012

O POETA E O SOM DAS RODAS DE UM CARRO DE BOI - Crônica de Erivelto Reis

O POETA E O SOM DAS RODAS

DE UM CARRO DE BOI

Erivelto Reis



Homenagem ao poeta Primitivo Paes na passagem do seu 84º aniversário


Um poeta faz aniversário. É notório que há motivos para comemorar. É difícil! Não sei nem por onde começar: ele é como um pai pra mim. Ele é um ídolo, um exemplo de vida. Nossa amizade é bastante conhecida. Só pelo que se vê de fora. Seria preciso conviver conosco para saber a extensão da admiração que é inspirada a partir do convívio com ele e com os seus. Quem convive com um poeta, quem se emociona com a poesia está um pouco mais perto de Deus.

Primitivo Paes. Esse nome é uma legenda, transmite uma energia positiva, é o nome de uma lenda viva. De um sobrevivente. De alguém decente, honesto. Coerente. Tá certo..., quase sempre. Primitivo, Precavido, Prevenido, Precipício, Privativo, Preferido, Prescritível, Previsível, Presumível, Preterido, Preventivo, Previsivo... As pessoas, surpresas, se confundem, trocam seu nome. Mas não se esquecem de seu rosto, de sua poesia, de sua voz. Primitivo é um desatador de nós.

Poeta, ator, declamador, professor, político, sindicalista, bom vizinho, bom pai, bom avô... Primitivo Paes é um artista. A palavra transita entre seus lábios, como brisa de inspiração socialista – porque compartilhada –, porque não a quer roubada, trancada no peito de um sujeito que não entenda nada. Primitivo tem uma faca afiada: é a sutileza da alegoria de suas poesias que corta qualquer preconceito e desigualdade. Primitivo sabe o que é felicidade, e sabe fazer as pessoas felizes. Respeito à infância e aos direitos humanos são suas diretrizes.

Para que eu fosse realmente correto, não poderia me esquecer de escrever sobre o fascínio que ele tem pelos netos. É adorável, superprotetor. Os olha sempre com o olhar do mais profundo amor. Primitivo Paes é um pacifista, um humanista... É explosivo e engraçado. É um senhor com um senso de humor sensível ao inesperado. É simples, mão não é simplório. Não é bairrista, é cosmopolita. Protagonista nas histórias de gente que lutou por democracia, liberdade e dias melhores. É sensível, e chora à toa. É uma boa pessoa. É um grande companheiro. O que ele fez e faz por seus amigos daria para escrever um livro... E assim foi feito.

Nesse dia festivo, 28 de maio de 2012, todos os votos de alegria e felicidades para esse amigo, Campograndense de coração, poeta pernambucano de verdade. O som das rodas do carro de boi de sua poesia passou e passa pelas estradas de nossa emoção todos os dias e, a cada vez, o som se amplia ainda mais. Quem o conhece há muito tempo, pode declarar, com todo sentimento: “uma amizade como a sua é um presente tão intenso, que outro igual não haverá jamais”.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Poema para Erivelto - Cícero Cesar Batista


Sei que é cabotino, mas não resisti à possibilidade de dividir com meu leitores a homenagem recebida por mim, em forma de poema, prestada pelo Professor Cícero Cesar Batista.

Poema para Erivelto

Cícero Cesar Batista
 
não amansei burro brabo
não cai de nenhum selim
mas Góias velho, meu velho
é sertão que vive em mim
 
vive em mim, como Itabira
viveu  encardida em Carlos
vive em mim, interiorana
com seu coreto velho, descascando
vive em mim, como um estalo
vive em mim, ninguém me tira
 
(o que escrevo é livro
à procura de quem ama ou sorri
é Góias velho quem pede: volta, Erivelto. mas como?)
 
por isso, sem rima, somos;
erres se abrem como portas na capa azul