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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Poema: "XV/X", de Erivelto Reis

 XV/X

Erivelto Reis

Caminham ao nosso lado,
mas pisam em nossos pés.
Andam a nossa volta,
mas não enxergam as depressões
pelas quais passamos.
Não gostam do que sabemos,
mas fingem saber mais e melhor que nós.
Dizem que não há importância
em nossas palavras,
mas temos que lutar ainda pelas oportunidades
daqueles e daquelas que esperam ouvi-las.
Falam em direitos e empatia
e entendem como gosma, uma lesma
os deveres que desprezam.
Caminham ao nosso lado,
mas ignoram o horizonte que apontamos.
Dependem de nossa insistência
Mas diariamente nos forçam a desistir.
Não vão todos os dias,
mas nos dias em que estão,
não estão mesmo
e se comprazem com nosso exílio forçado.
Peregrinam conosco,
e desprezam nossas promessas,
nossa urgência, nossa pressa,
e a vontade que nós temos
de que vençam e sobrevivam.
Percorrem os mesmos corredores,
mas correm pra longe de nós
como se a água benta que aspergimos
destoasse dos seus sonhos, desbotasse suas grifes
e os embebedasse sem alegria e sem ressaca.
E riem e riem a cada vez
que um de nós é feito de bobo, de babaca.
Escolhem o naufrágio à nova terra,
o deserto ao oásis,
a distância ao objetivo,
a violência ao afeto.
Escolhem sem saber, (por querer),
mas escolhem.
Caminham ao nosso lado,
mas poucos nos dão as mãos.
Chantageiam com ameaças
de escândalo, intimidação e menosprezo.
Vêm contrariados para nossa festa,
e nos expulsam de nosso próprio endereço.
Hipnotizados por bets,
haters, influencers.
Operam teclados virtuais,
com olhos de crateras lunares,
(Inescrutáveis até pra NASA)
E olheiras indisfarçaveis,
doentes de existir sob falsas crença e causas
Com fúrias e preguiças abissais.

domingo, 6 de outubro de 2024

Poema: "Date", de Erivelto Reis

 Date

Erivelto Reis
Dentro dos próximos 50 anos
Há de surgir uma nova espécie:
Misto de humano e fera.
Aumentarão os dias do ano,
(Será o fim de uma era)
Diminuirão ainda mais as horas de sono.
Nem outono nem primavera
Estarão no calendário das estações.
Falar não será valorizado,
Escrever será coisa do passado.
Não haverá governos...
Somente corporações.
Memes serão a nova bíblia
E likes substituirão emoções.
Haters terão poder de polícia
E a arte será um tipo de
Droga proibida.
(A poesia será uma droga viciante!)
A nova espécie não morrerá de doenças
Apenas será delatada e
Ou vítima da violência.
Um chip substituirá o cérebro
E os olhos serão a nova tela.
O medo e a depressão
Substituirão qualquer prazer.
Dentro de 50 anos,
Desenha-se um date:
O encontro com um destino sombrio...
Ou daqui a cinco minutos,
Dependendo de qual fera
Possa cruzar o seu caminho.