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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 14 de junho de 2025

Poema: "Geo(i)lógico", de Erivelto Reis

 Geo(i)lógico

Erivelto Reis

O Rio de Janeiro

É um oásis que brotou nos trópicos

Um estado equinóstico

Equatorial

Um exótico manancial

Um paradoxo tipicamente caótico

Entre paisagem celestial

Ecumênica

E uma geografia surreal

É um arquipélago antimonótono

De falésias favélicas

Subúrbios rurais

Periferias abissais

Permeadas por histórias

E culturas por todos os lados

É um quadro de Dali

Assinado por Picasso

O Rio de Janeiro

Permanentemente geo(i)lógico

É uma miragem

Que nasceu nos trópicos

Da qual estamos mais distantes

Quanto mais nos sentimos próximos.

domingo, 8 de junho de 2025

Poema: "No sense", de Erivelto Reis

 No sense

Erivelto Reis

 

Não é nem ao menos o medo de morrer...

É medo de não ter o que dizer,

Se eu tiver que justificar

O momento que atalhei,

Que me perdi

Ou o quanto demorei pra

Retomar o caminho.

É um medo da falta que vou fazer

Pra gente que eu nem sabia

Que ia sentir minha falta...

E o medo de não fazer falta alguma

Pra gente que tinha um apê, um airbnb, bem aqui

No lugar que parou de bater.

É medo de ser numa sexta,

É medo de ser na data de um aniversário,

No dia de uma formatura,

No dia de alguém importante

Para um grupo social mais relevante.

Não é medo de morrer propriamente,

É medo de não poder mais cuidar do quintal,

É medo do outro espaço

Ser um deserto espiritual,

Ou um oásis para o qual

Eu não tenha passe vip ou preferencial.

Ou pior:

Ser um céu inalcansável,

Um não-céu no sense,

Um areal de escombros,

Um lodaçal de pessimismos,

Cheio de pensamentos intrusivos,

Remorsos terrenos...

E de coisas que continuem me fazendo mal.

Não é medo de morrer exatamente

É medo do extrato com saldo negativo

De uma vida inexpressiva e banal!

Uma desvida caricatural...