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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 7 de julho de 2012

Crônica: Os contatos e os contextos - Erivelto Reis

OS CONTATOS E OS CONTEXTOS


Não é uma seta, não é um dardo. Não há alvo.


Resta esperar que estejamos a salvo.

Erivelto Reis

Ouço falar, com espanto, que os contextos explicam os atos, que os fins justificam os meios e que o sujeito tem que impor o seu jeito, tem que dizer a que veio. Mesmo que parta a cara e o coração ao meio.

Quanto erro escandaloso passa por mérito, depois de visto pela luneta do pretérito?! Nada disso. Não aceito. Faça um teste e veja que com você é diferente: ligue para os seus contatos e veja se eles aceitam te livrar das roubadas, dos apuros, dos apertos, dos perrengues, das enrascadas, das mancadas, das burradas, das asneiras, dos atropelos, dos tropeços, dos tombaços, das besteiras, das bobagens que você tem feito. Não me diga que está contando com a rede social para atestar que você é especial. É muito pra divulgar, mas é pouco pra validar.

Passe um e-mail. Você não tem contexto?! Você é bem aceito, é chegado, é mano, e compadre, é protegido, acolhido, acochambrado, é indicado, escolhido, influente, bem relacionado? Então peça dinheiro emprestado, avisando, de antemão, que não irá pagar. Veja se tem algum valente que se aventure a te emprestar?

Haja contato e contexto para falar mal dos outros. Para subverter a lógica com cinismo, exibicionismo e falsidade ideológica. Ninguém precisa aceitar a opinião de ninguém. Mas achar que o outro não sabe, só porque você não concorda; que outro não pode, porque você mesmo se poda?!... Aí é f-o-g-o! Já é demais! É se enforcar com a própria corda. É muita marra. É pular de paraquedas com a cordinha da descarga. Assim você se estraga.

Quem tem contatos e contextos deve usá-los paro o bem. Quem tem amigos, não deve usá-los, deve amá-los, preservá-los, tá bem?! Nada de pedir favor a três por dois. Pedir caviar e pagar com arroz. Pare e pense por um segundo. Vai dizer que você não conhece alguém que pede favor a todo mundo? Um nome numa lista, numa agenda, é alguém com sentimentos; um ser de carne e osso, mesmo sendo carne de pescoço.

Quem valoriza a influência que possui, deve saber que ela se esgota, se desgasta, se dilui, se você esgarça o tecido de que ela se constitui. Nada de megalomania, ironia barata, ácida e corrosiva. Nada de usura, de pendura, empáfia agressiva, humildade fingida. Chega de fofoca e bate boca. A falta de respeito não é convidada, mas vai a todos os eventos com a mesma roupa. Quem anda pedindo caveira é assombração que aparece e assusta, mas cai do cavalo, não fica na cadeira. Não deixe a ética de saia justa. Não a envolva em uma túnica. Nem oito nem oitenta. Seja sincero, honesto e solidário. Essa não é uma oportunidade, é opção e é única.

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