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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Poema: "Autonekrósgrafia", de Erivelto Reis

Autonekrósgrafia

Erivelto Reis

Na manhã em que nasci
Nada deixou de ser como era.
Exilado para sempre da quimera e da utopia,
Passei a reexistir
Num mundo que já conhecia,
Mas que, rapidamente, aprendi a desconhecer.
Nem palavra aprendida, nem silêncio imposto
Castigo, pancada, tapa no rosto
Fizeram-me desistir.
Por isso cheguei até aqui.
Náufrago, sobrevivente,
Não me deram sonhos:
Eu os forjei com o fogo de Prometeu!
Em ilha deserta, permaneci por muitos anos...
Escrevi cartas de amor e tempestade,
Lancei-me ao mar em busca
De outros continentes: exaurido, apavorado,
Até quase afogar-me...
Resgataram-me...
Pretenso alívio...
Deram água – veneno – para curar-me...
Voltando à solidão da existência,
Quem me define sou eu:
Pouca paciência para o desamor.
Impertinente hemoglobina que desoxigena meu sangue
Eis-me desarticulado como um livro desfolhado...
Sem vida, sem graça,

Grafia exangue.

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