Santinho
Erivelto Reis
Não, companheiro, não é desse
que eu tenho medo,
Nem do outro ou dos que os
seguem
E acreditam cegamente
neles...
Nem daqueles que
esquadrinham intenções propostas
Ou dos que inventam fake
news, fake lifes, lives fake...
Não tenho medo de
ideologias, nem do embate de ideias:
Tenho medo da falta de ideais,
E das atitudes que tornam
os horrores irreversíveis e reais.
Tenho medo da angústia de
desconfiar
Do ex (tinto) irmão e do
ex (tinto) amigo,
De não confiar no meu
instinto,
De só confiar depois de
muito vinho tinto...
Tenho medo de me
equivocar,
Tentando lembrar a ordem
dos nomes
Que não deverei mencionar
Quando vierem me torturar.
Omitir o quê? Seja agora
ou depois...
Todos os nomes já estarão
ditos
Quando o desejo do algoz é
condenar!
Tenho medo dos que nos
entregam
Por um lugar efêmero ao
qual jamais poderiam alcançar,
Tenho medo dos que nos
julgam traidores,
Quando habitam um cubículo
grandioso de rancores.
Tenho medo da inveja,
Daqueles que poderiam ser,
se quisessem,
Bem maiores do que eu
jamais seria...
Mas que preferiram gastar
o seu tempo e sua energia
Ocupando-se da vida que
supunham que eu teria
E das coisas que temiam
que eu dissesse.
Tenho medo dos que não
trabalham,
Ainda quando poderiam...
Dos que simulam que
trabalham,
E daqueles cujo trabalho
se incube
De desesculpir sonhos e
regurgitar vereditos!
Tenho medo dos malditos
disfarçados de bonitos.
Dos sem alma, dos sem
graça, humor,
Pudor, amor e predicados.
Tenho medo dos articulados
sem ética,
Dos patéticos com prática,
Dos hipócritas com simulacros
de razão,
Dos religiosos e ateus sem
coração,
Dos poetas que não valem a
pena com que escrevem.
Tenho medo dos que tomam
conta do sexo do outro
Do nexo do outro:
Frígido pensamento
congelado,
Veneno letal disfarçado.
Tenho medo e protesto?
Tenho medo e fico calado?
Oh, dúvida mais antiga!
Tenho medo e denuncio?!
Talvez seja essa a constante
dor que me atinja,
Talvez seja essa a próxima
coisa que eu sinta,
Talvez seja essa a última
coisa que eu diga.
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