Quem sou eu

Minha foto
Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Poema: "Adivinho", de Erivelto Reis


Adivinho
Erivelto Reis

E sobre tua cabeça
brotem lírios,
os fios de teus cachos
ondulam, modulam
meu jeito de olhar pro teu rosto.
Ao fim de um dia,
os rios que partem de teus olhos
indicam a raiz de teus desgostos.
Decorem-se os nomes de teus filhos:
coroa de rei ou de rainha
desde o ventre...
e o vento água-marinha.
“Partir” nem é mais verbo,
é uma necessidade.
Adivinha em que cidade
irei aportar sozinho?
Talvez em nenhuma parte,
talvez pare no meio do caminho,
distante de qualquer destino.
Talvez eu morra menino:
Espectro permanecido.
E sobre tua cabeça
brotem lírios,
tiaras,
as rugas na tua cara,
os vincos de tuas vestes,
as areias de tuas praias
meus pés jamais
hão de tocar.
Desejo é tudo o que me doma,
do mar é tudo que não posso,
poder é tudo que não tenho,
morrer é só o que não quero.
Para vir de onde eu vim é distante.
Estar preso em mim, ainda mais!
O mero existir que me cansa,
desistir, minha única vaidade.
As aves mergulham e emergem,
os peixes alçam voo e voltam...
Humano, quisera de tudo um pouco,
fizera de tudo um nada.
De tua cabeça brotam lírios,
de tua boca, nenhuma palavra.
Adivinha em que cidade
irei aportar vazio?


Nenhum comentário:

Postar um comentário