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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Poema: "Mormaço", de Erivelto Reis

 Mormaço

Erivelto Reis

 

Não é a chuva

Mas fica pingando

Sangue

Depois forma uma poça

(Que a muita lama se mistura)

Depois um Rio...

Não é a chuva

Mas fica pingando

Sangue

Daí forma um poço sem fundo

Um oceano de amargura

É sangue jorrando

Longe das casas projetadas

Irrigando projetos e carreiras políticas

Inundando cofres de empresas parceiras

Ondeando paraísos fiscais

Lavando dinheiro

E mentindo que se lavam honras!

Mas é sangue alheio

Jorrando longe

Dos condomínios fechados

Dos carros blindados

Dos amigos influentes

É um mar de sangue

Instagramável

Fluindo de discursos odiosos

São forças de proteção

Colocadas à beira do abismo

Pais e mães de família

Ambiguamente transformados

Em alvos e algozes...

Depois o choro e o lamento

Traumas e dramas e dores atrozes

Depois o escandaloso

Silêncio de uma vastidão

De consciências e de vozes...

Não é chuva

É mormaço e ódio

Por enquanto.

Depois, é muito sangue jorrando...

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