Mormaço
Erivelto Reis
Não é a chuva
Mas fica pingando
Sangue
Depois forma uma poça
(Que a muita lama se mistura)
Depois um Rio...
Não é a chuva
Mas fica pingando
Sangue
Daí forma um poço sem fundo
Um oceano de amargura
É sangue jorrando
Longe das casas projetadas
Irrigando projetos e carreiras políticas
Inundando cofres de empresas parceiras
Ondeando paraísos fiscais
Lavando dinheiro
E mentindo que se lavam honras!
Mas é sangue alheio
Jorrando longe
Dos condomínios fechados
Dos carros blindados
Dos amigos influentes
É um mar de sangue
Instagramável
Fluindo de discursos odiosos
São forças de proteção
Colocadas à beira do abismo
Pais e mães de família
Ambiguamente transformados
Em alvos e algozes...
Depois o choro e o lamento
Traumas e dramas e dores atrozes
Depois o escandaloso
Silêncio de uma vastidão
De consciências e de vozes...
Não é chuva
É mormaço e ódio
Por enquanto.
Depois, é muito sangue jorrando...

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