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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Poema: "Rangendo...", de Erivelto Reis

Rangendo...
Erivelto Reis

Ah, Primitivo,
Quanta coisa mudou desde sua partida!
A vida está menos viva,
E a saudade chove e chora a cântaros.
Na rua dos desenganos,
Sina da qual tanto me advertira,
Vira mundo, vira tanto,
E quase o imenso barco vira.
Afunda até o ponto em que naufraga.
Sufocado por tristeza e lamento,
Humilhação e ameaça me relegam como pagamento
Para o tanto que construímos.
Há um mundo menos poético em ebulição,
Uma desordem dos afetos:
Difamação constante do empenho e da capacidade
De criação.
Descatecismo, desproteção...
Ah, Primitivo, quanta desilusão:
Os que nos governam são loucos,
Ou corruptos ou incompetentes ou tudo isso junto
(Com desfaçatez e cinismo).
Estabeleceu-se o caos, o isolamento e o desatino.
Esperava um mundo melhor,
Mas já não cismo.
Tentei contribuir para que melhorasse,
E agora imploro para que estivesse aqui,
E que me amparasse.
Não sou, nem de longe, tão forte como você foi.
Tá ouvindo este ruído?
Sou eu rangendo, à beira do abismo:
Mímese patética de um desgovernado carro de boi.
Ah, Primitivo...




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