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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Poema: "Marés", de Erivelto Reis

Marés

Erivelto Reis

 

Talvez seja apenas uma forma

Ingênua de caminhar na neblina...

Mas hei, quem sabe, de descobrir

Que todo Portugal não seja,

Poeticamente, é claro,

Conquanto o saiba gigante metáfora,

Telúrico halo, terra próspera,

Estrela de grandeza inesgotável e própria,

Mais que uma casa,

Um livro de História, um épico único,

Sobre um permanentemente lírico e inexorável povo,

Uma arquitetura, um fado, um cálice de vinho do Porto...

Que toda sua gente, historicamente diversa,

Seja sempre a mesma gente

A ler e esquecer ou a consagrar os mesmos poetas

E os novos escritores até que lhes sejam conhecidas,

Difundidas as palavras,

Barcos à deriva, ilhas de náufragos,

Desde o Atlântico e do litoral de Faro

Até o Índico e os mais pacíficos lugares...

Coleção de obras de arte,

Tesouros parcialmente ignorados.

Penso, tal qual um menino

A brincar mentalmente de ventríloquo

Com os sentimentos de seus heróis,

Que todos os seus monumentos tenham sido erigidos

Aos sonhos, às lendas, ao Tejo,

Às intempéries, aos sortilégios

E aos seus feitos de mar e nuvem.

Hei de descobrir que Portugal

De tão íntimo, seja mesmo imenso, universal...

Imagino, viajo e vejo

Saramago a discutir com Vieira,

Pessoa a gritar por Camões,

A imensidão do amor de Pedro e Inês,

Sophia a observar as marés.

Navios dos quais eu mal conheço o convés...

Hei de descobrir Portugal!

Por agora,

Uma casa da qual não hei de partir,

Um cais para onde regressarei,

Um planeta em que um dia

Hei de aportar meus pés.


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