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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Poema: "Capim", de Erivelto Reis

 

Capim

Erivelto Reis

 

Quando encerrar-se

A minha existência terrena

Alguém terá que notar

Que eu estava numa arena

Lutando à beça

Alguém terá que reparar

Na dimensão aterradora

Das feras, dos monstros contra os quais lutei.

Não ponho reparo

Que chegue apenas tarde

Essa percepção

Mas me magoa se ela não chegar...

Isso posto,

Nada importará.

Dão-te alguma chama,

Um pouco de conhecimento,

Centenas de idiossincrasias

E a isto chamam alma

E do que dela vaze e te defina,

Ainda que parcialmente,

Chamam de talento, id, ego,

Personalidade,

Temperamento...

Quando eu me for

Fui porque fui

E não há volta

Nem memória em papel carbono

Há apenas esquecimento, abandono, ano após ano...

Apesar de qualquer escritura

A vida rememorada

É ficção pura

Literatura e lápide e fim

Num crematório, a sete palmos,

Ou no infinito ermo de uma biblioteca

(Teia de aranha, mofo, poeira)

Crescendo saudade e remorso

Como arbusto, matagal e capim.

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