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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 25 de maio de 2024

Poema: "Tríade", de Erivelto Reis

Tríade

Erivelto Reis

Não nego que seja possível haver quem goste

De algo que perdeu ou de alguém que se foi

Com afinco sem precedentes

De intensidade, de paixão e de entrega

Em nada comparáveis

Ao aparato afetivo empregado

De quando os tivera.

Não nego que diante da ausência do ente amado

A pluralidade de respostas emocionais

Ao reconhecimento do amor que passou, findou,

Desistiu de esperar a reciprocidade idealizada e devida

Seja muito mais dramática e intempestiva

Em sua oferta de conexão, desejo e entrega.

É por haver uma capacidade de amar

Para além do amor, um amor pra depois,

Um pós-amor,

Diferente, em esmaecimento de autoestima, ao desamor

Que acredito que a perseverança para a ruína

De quem não reconheceria o amor

Nem se tropeçasse ou fosse atravessado por ele,

Mantém os ébrios vestidos de sóbrios,

Os alucinados céticos

Os artistas em crise criativa

Ou processos embricados de supercriatividade

E hiperbólica interpretação,

Os deprimidos mergulhados na melancolia do desespero.

Por haver quem só percebe valor na perda,

É que os poetas têm ou não têm emprego

É que os poetas têm e não tem paradeiro,

Amores, leitores e dinheiro.

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