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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Poema: "Epônimos", de Erivelto Reis

 Epônimos

Erivelto Reis
Para Adélia Prado
“Entre paciência e fama quero as duas,
pra envelhecer vergada de motivos” (Adélia Prado)
Ainda que a humanidade
Visse uma mulher inteira
Feita só e toda de poesia,
Talvez nem assim
A reconheceria.
Ainda que toda
Sua trajetória demonstrasse
A poética força, bagagem de seus dias,
Talvez nem assim...
(Entre cecílias, clarices e lygias,
Pallotinis, Evaristos e Hilsts)
E preciso louvar a cada escritora talentosa que persiste.
Florescendo à beira dos caminhos e penhascos,
Alertando ou transformando-os em jardins.
Porque o mal não descansa,
A poesia não desiste.
Ainda que prêmios e promessas
De leitores e falsos leitores
Indexassem de epônimos os seus feitos,
Nem todos os seus poemas,
Nem todos os seus clamores,
Seriam capazes de comover
Os corações dos que só sabem
Proferir blasfêmias e fel
Contra escritores, artistas e professores.
Celebremos o dia de hoje
Em que Adélia, em nome de tantas,
Se agiganta aos olhares menos insensíveis,
Porque o amanhã atropela o sonho
E converte novamente os poetas e as poetas
Em Sísifos, anônimos seres incuráveis,
Por vezes invisíveis,
Irremediáveis, incontornáveis, irreversíveis.

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