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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Poema: "Rotina (ou code dress)", de Erivelto Reis

Rotina (ou code dress)

Erivelto Reis

 

Tem um cotidiano secreto

Que ninguém tá vendo!

Tem um cotidiano de fora,

Tem um cotidiano de dentro.

 

Tem uma rotina social

De existir comunitário:

Um plano, um casco,

Um papel identitário.

 

Por dentro, desespero,

Por fora, funcionário.

Por fora, funcionando...

Por dentro devastado!

 

Por fora, calçadão da praia,

Por dentro, o fundo do poço.

Por fora, uma vida inventada,

Por dentro, uma vida vazia.

Por fora, escuta afetiva

Por dentro, nem vem que não te ouço.

 

Há uma portaria de mármore

Fazendo propaganda do prédio

Mas há uma entrada de serviço

Que, ultrapassada,

Gera crise, gera o tédio

Estraga o interesse,

Cessa o apetite...

 

Por fora, bela fachada,

Por dentro, uma obra que não termina,

Difícil reforma...

Que depois de pronta,

Revela ruínas.

 

Tem um code dress:

Por fora, glamour, paletó,

Vestido, perfume e strass...

Por dentro, nu...

Amargura, solidão e estresse.

 

Por fora, nada mal...

Por dentro Bornout,

Por fora, pessoa genial

Por dentro, uma árvore

De produzir o fruto do caos.

 

Por fora, a favor da paz

Por dentro, querendo paz

Por fora, olhar sereno,

Por dentro, vulcão!

Por fora, feliz e pleno

Por dentro, não:

Lava e lágrima em estado de erupção.

 

Sempre a mesma rotina:

Por fora, a felicidade que não cessa,

Por dentro, o sofrimento que não termina.

 

Tem um code dress.

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