CARTA A MEUS
FILHOS SOBRE A CONDENAÇÃO DE LULA
Erivelto Reis
Sobre poema de Jorge de Sena
Para
Oswaldo.
Não
sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
O Brasil é um país em que tudo é possível:
Juízes sem moral cobrando a verdade
Sem se dar conta da boca de quem ela vem.
Inimigos do povo, amigos da elite que não
os elege,
Mas que perseguem, para quem mentem, matam
e de quem têm ódio.
Há aqui políticos que só pensam em si
mesmos, em seus prazeres.
É improvável que não deem por isso,
Por todos os interesses já demonstrados,
Pelo ato de que condenam um inocente
No mesmo cenário em que absolvem os
culpados
Associados que estão aos corruptos e
canalhas
Que vos dirigem e que pagam por seus
ternos,
Viagens e medalhas.
Meus filhos a horda avança tanto que lançou
ao precipício o vosso futuro.
(...)
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
Vale mais do que a justiça quando esta se
pratica com ética
E que verdadeiramente há os que se
alegram com
A humilhação dos mais pobres e vão dormir
em paz
Quando os mais fracos e oprimidos não têm
o que comer,
Onde dormir, ou o fazem com medo de não
haver amanhã.
A verve, a sanha com que manipulam o
sistema para protegê-los,
Esbarrou desde sempre na perspectiva dos
fingimentos que sustinham,
Das alianças que travaram e das ações que
sempre levaram o povo
À
morte que é de todos e virá.
Não desculpo o erro destes que tramaram
Porquanto tenham extrapolado todos os
limites da sensatez,
Governam não tendo sido eleitos, roubam,
ameaçam e
Tiram dos mais pobres até mesmo a ínfima partícula
dos sonhos.
São raivosos, ardilosos e não permitem,
Nem mesmo parecem aceitar,
Que o povo renda homenagens aquele de
quem escarnecem.
Vossa alegria de lutar e ter para si o
espaço das ideias,
Da democracia e do estado de direito
Vossos recursos lhes são apurados ainda
na fonte minguada,
Vossa força de trabalho é desvalorizada e,
pergunte-se,
Não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
A redenção pelos crimes em sequência que
cometem
Pela reunião entre o Vice, os militares,
o supremo,
Num grande acordo nacional,
Para estancar a sangria que jorrou e
continua a jorrar
Do ódio aos mais pobres e dos crimes que
secreta
E explicitamente cometem contra os mais
simples,
As crianças, as mulheres e os operários
deste país.
Em memória do sangue que nos corre nas veias,
Haveremos de ensinar nas escolas, através
dos livros de História,
Das histórias literárias, e do que mais
resistir de pé...
As verdades cruas que existem, por detrás
das mentiras caluniosas,
E das injúrias espúrias que inventaram e
difundiram
Para condenar um só homem.
Um homem que representa os sonhos e ideais
De milhões de outros homens e mulheres.
Sossegai, ó, tiranos!
Sabei que o banquete das hienas não
precisa de talheres.
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