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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Poema: "Holodomor", de Erivelto Reis


Holodomor
Erivelto Reis

[Asfixie...]
Sem ar ninguém resiste
[Humilhe...]
Que fome de ser Homem
─ Ou Mulher –,
Ou o que quiser
É de ser gente.
De ter dignidade de gente.
É uma fome insaciável e latente.
Quem asfixia e humilha e mata gente
Não pode pretender ser tratado como humano,
Não pode pretender ser,
Não pode ser.
É rebutalho, lodo, asco.
Resto, esgoto, refugo, retalho.
Há uma fome que devora o mundo!
Os que matam por asfixia, humilhação e inanição
Supõem-se a salvo...
A História de seus delitos os condenará...
Há uma fome que devora o homem!
E ela é por alimentos, mas também por justiça.
Holodomor!
(O horror!)
Necropatológica política!
Que seus culpados padeçam
E apodreçam exangues...
E que até suas memórias,
Não apenas suas palavras,
Exalem o torpe odor de carniça.


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