Maria Bethânia
Erivelto Reis
Para Cinda Gonda
Cinda é a Maria Bethânia da academia.
Ninguém mais humano, tão talentoso quanto,
Mais simples no complexo ofício do lúdico
E mais humilde no abraçar e agradecer.
O que não significa necessariamente
Que não haja outros e outras
Tão inspiradores e inspiradoras
Ao parecer do idealizado enleio de nossos afetos,
De nossa admiração fraterna e filial
Por nossos professores e professoras.
Ninguém há mais endossada para a defesa
Dos apanhados e apanhadas nas teias labirínticas
Das vaidades e das veredas entre a margem do que
É sonho e, às vezes, pesadelo...
Cinda tem a manha, tem a sanha, tem o jeito
É Santa, Bárbara, senhora dos navegantes!
Seus atlânticos domínios nos unem ao nosso passado
Ao chão e ao solo dos nossos antepassados...
Bramindo a espada dos orixás contra a ira sonsa
E silenciosa dos fascistas, coronéis e neocoloniais.
Entregando avisos, lições, poemas, cravos e rosas
Às pessoas que se julguem poderosas.
Os fios de seus longos cabelos
São texto e contexto de lutas tantas, muitas colossais.
E ainda digo mais:
São suas lágrimas por nossas vitórias,
Sua vontade de agregar e sua inabalável disposição para
lutar
Que fazem com que o mundo que conhece,
Seu vasto repertório artístico, acadêmico e intelectual,
Sejam quase coadjuvantes do seu dom de ser e de ensinar.
Irmã, amiga, mãe e advogada nossa, porto seguro e linha
de chegada...
Ao que não se faz de rogada, compadecida dos/as
injustiçados /as
Do mundo e dos graduandos/as e pós-graduados/as.
Cinda sabe onde pisa, sabe por onde anda...
Sabe bem que às vezes tiram as coisas do lugar
Para depois dizerem que nossa mão não as alcança...
Tem a ética de quem não se apanha
Por vaidades e conveniências momentâneas
Feitas por exercícios arbitrários de poder e ar
Canta Grândola, Vila Morena,
Que a revolução não tarda a começar...
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