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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Poema: "Maria Bethânia", de Erivelto Reis

 

Maria Bethânia

Erivelto Reis

 

Para Cinda Gonda

 

Cinda é a Maria Bethânia da academia.

Ninguém mais humano, tão talentoso quanto,

Mais simples no complexo ofício do lúdico

E mais humilde no abraçar e agradecer.

O que não significa necessariamente

Que não haja outros e outras

Tão inspiradores e inspiradoras

Ao parecer do idealizado enleio de nossos afetos,

De nossa admiração fraterna e filial

Por nossos professores e professoras.

Ninguém há mais endossada para a defesa

Dos apanhados e apanhadas nas teias labirínticas

Das vaidades e das veredas entre a margem do que

É sonho e, às vezes, pesadelo...

Cinda tem a manha, tem a sanha, tem o jeito

É Santa, Bárbara, senhora dos navegantes!

Seus atlânticos domínios nos unem ao nosso passado

Ao chão e ao solo dos nossos antepassados...

Bramindo a espada dos orixás contra a ira sonsa

E silenciosa dos fascistas, coronéis e neocoloniais.

Entregando avisos, lições, poemas, cravos e rosas

Às pessoas que se julguem poderosas.

Os fios de seus longos cabelos

São texto e contexto de lutas tantas, muitas colossais.

E ainda digo mais:

São suas lágrimas por nossas vitórias,

Sua vontade de agregar e sua inabalável disposição para lutar

Que fazem com que o mundo que conhece,

Seu vasto repertório artístico, acadêmico e intelectual,

Sejam quase coadjuvantes do seu dom de ser e de ensinar.

Irmã, amiga, mãe e advogada nossa, porto seguro e linha de chegada...

Ao que não se faz de rogada, compadecida dos/as injustiçados /as

Do mundo e dos graduandos/as e pós-graduados/as.

Cinda sabe onde pisa, sabe por onde anda...

Sabe bem que às vezes tiram as coisas do lugar

Para depois dizerem que nossa mão não as alcança...

Tem a ética de quem não se apanha

Por vaidades e conveniências momentâneas

Feitas por exercícios arbitrários de poder e ar

Canta Grândola, Vila Morena,

Que a revolução não tarda a começar...

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