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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Poema: "O assassinato do sol", de Erivelto Reis

O assassinato do sol

Erivelto Reis

 

Condenado a consumir-se,

Prematuro suicida,

O sol sem vida,

Flamejante remorso da lua,

Sabe que a órbita em que se insinua

Momentaneamente o torna

A força de maior garoto da rua...

Comparado, porém, enxerga-se:

Pirralho no universo,

Espantalho, grão de areia do infinito...

Ínfimo – queime e ilumine o quanto for.

Matem-no, matam-no, morrem-no

O olhar, a distância.

Lago fundo de eclipse em estado de Narciso,

Amarelo-rubro de brasa e fogo.

Extinto – labareda morta.

Faetonte, sob lamento, explica a Hades

A saga de seu pai,  

Consolado por Clímene, pelas náiades e helíades.

Ovídio e Camões, cada qual a seu tempo,

Argutamente desenharam seu rosto.

O funeral do sol

É a cremação em uma pira.

Seu fim é o fim de todos.

Nem um épico o salvaria!

Nem o amor mais sincero,

Nem um novo universo,

Nem um deus mais poderoso

Seriam capazes de tornar a incendiá-lo de novo.

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