O assassinato do sol
Erivelto Reis
Condenado a consumir-se,
Prematuro suicida,
O sol sem vida,
Flamejante remorso da lua,
Sabe que a órbita em que se insinua
Momentaneamente o torna
A força de maior garoto da rua...
Comparado, porém, enxerga-se:
Pirralho no universo,
Espantalho, grão de areia do infinito...
Ínfimo – queime e ilumine o quanto for.
Matem-no, matam-no, morrem-no
O olhar, a distância.
Lago fundo de eclipse em estado de Narciso,
Amarelo-rubro de brasa e fogo.
Extinto – labareda morta.
Faetonte, sob lamento, explica a Hades
A saga de seu pai,
Consolado por Clímene, pelas náiades e helíades.
Ovídio e Camões, cada qual a seu tempo,
Argutamente desenharam seu rosto.
O funeral do sol
É a cremação em uma pira.
Seu fim é o fim de todos.
Nem um épico o salvaria!
Nem o amor mais sincero,
Nem um novo universo,
Nem um deus mais poderoso
Seriam capazes de tornar a incendiá-lo de novo.
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