Terra Arrasada
Erivelto Reis
Onde havia rosas, rios e futuro
Plantaram dois pés de arame farpado
Que logo logo se multiplicaram
Pavimentaram tudo com caco de vidro,
Buracos, precipícios e pitacos
Chamaram especialistas em fiascos,
Atiradores de pedradas,
Mentirosos contumazes
E hipócritas fervorosos.
Fingiram alimentar,
Ensinar e proteger.
Venderam os frutos
Do trabalho que não quiseram ter...
Irrigaram com lava, lama e lágrimas
Daqueles a quem traíam, exilavam
E expulsavam a silêncio, dissimulação e canetadas.
Daquela terra arrasada, só fotos, lembranças
E descomunhão...
Só restou o futuro do passado,
Semântica e dissimulação.
Um céu idealizado e o abstrato solúvel
Volátil e inviável
Oxidável
Dos ferros, da ferrugem
Da fundação.
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