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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Poema: "Irremediável", de Erivelto Reis

Irremediável

Erivelto Reis 

 

Se eu não chegar a receber a cura

Se eu não for capaz

De atravessar todo o túnel, 

Se eu não conseguir,

Se eu me perder daqueles que mais amei...

Tem um poema guardado em algum lugar:

Um manuscrito que eu não terminei...

Tem um dia inesquecível

(Dos muitos que tivemos)

Que me vem à memória

Cada vez que o amor é mencionado.

Tem aquela foto que eu tirei

Com os nossos filhos

Na cidade das Flores

E que tanto me faz pensar

Na vida como um Rio Verde...

Tem aquele livro que eu ganhei do Primitivo,

Alguns bons amigos tão queridos...

Um pôr do sol que assistimos em Monserrate

E o meu silêncio estúpido

Diante do túmulo de meu pai e minha mãe.

Se eu não puder conhecer a terra mãe de nossa Literatura,

Com seus deuses e mártires,

Há tanta história preservada e que talvez não possa ser contada.

Há um maço de cartas, confissões apaixonadas...

Há talvez alguma pessoa

Que se lembre que eu a incentivei.

E uma dedicatória especial...

Há a casa de minha infância, um nome

O meu nome, nascido da admiração

E da crença humilde de meu pai

Num mundo de música e de arte,

E que se vai perdendo, irremediável...

Há uma biblioteca que ganhei de presente

O talento para a vida

Que os meus descendentes têm...

E as vezes todas que eu e o meu amor

Adormecemos de mãos dadas.

Se eu não chegar a ver a luz no fim do túnel,

Que meu sonho seja luz, dia claro,

Esperança e incentivo aos que ficarem

Para que a felicidade seja o ponto de partida,

O meio do caminho e a linha de chegada. 

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