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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Poema: "Cratera", de Erivelto Reis

 

Cratera

Erivelto Reis

 

Eu estou tão cansando para seguir andando,

Melhor eu faria se libertasse agora

O choro que prendo, a palavra que evito,

O engasgo, o desabafo, o que não vomito.

 

Eu estou tão cansado para seguir adiante,

Não sou como antes... nem sei como era.

Não sei ser igual eu fui antigamente,

Não sei, no futuro, como ser diferente.

 

Estou tão cansado para discutir,

Que ouço e me calo ante qualquer loa.

Não é que eu não queira ouvir a pessoa,

Não é que eu não queira nem sequer ouvir.

É que o enredo é fraco, a personagem, plana!

O tempo é confuso, o narrador só reclama...

E se eu não viro a página, é melhor nem ir.

 

Estou tão cansado para me explicar,

Estou tão cansado para escapulir,

Estou tão cansado para argumentar,

Estou tão cansado para resistir.

 

Prefiro calar, prefiro não seguir,

É melhor assim

E nem é o melhor.

Prefiro clareira, pra evitar cratera.

Prefiro por enquanto, pra evitar já era.

 

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