Ferrão
Erivelto Reis
Sinto os meus cabelos
Embranquecendo
Dolorosamente
A cada espanto
Ante o horror
À vastidão da violência,
Da injustiça e da estupidez.
Rugas são leitos
De rios secos em meu rosto
E não há uma só lembrança
Dos compêndios daqueles
Livros de História
E dos testemunhos dos homens
E mulheres que sobreviveram
Aos canibais assassinos
Que estiveram no poder por vinte anos
Que não seja um pesadelo...
Como não há um só poema
Que não seja um pedido simbólico de socorro.
Meus cabelos doem
E não vai brotar
Nenhuma flor dos meus ossos
Ou o ferrão das palavras
Vai infeccionar as almas.
05-9-2020
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