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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Respeitem os Cabelos Brancos da Poesia

Respeitem os Cabelos Brancos da Poesia
Erivelto Reis






Vamos falar a verdade? A poesia já é uma senhora de idade. Então é mais do que hora de respeitá-la! Pense em sua atitude, ainda dá pra mudá-la. Pois a poesia traz em si a eterna juventude. Essa história de anunciar a sua morte. Dizer que já faz tempo que ela está doente é conversa fiada só pra enganar a gente.
Não vou me referir a ninguém especificamente, pois não se trata de acusar levianamente. Mas como quem jura mente, se você jura que a poesia não tem lugar em sua vida, em sua mente, meu amigo, infelizmente...
Já disseram que ao redor do mundo a poesia não poderia ser reinventada, que já tinha dado tudo... Meu Deus, quanto absurdo! Quero saber quem matou a poesia? Quem fez a sua necropsia? Quem assinou o atestado? Onde o corpo foi velado? Me digam o número do seu túmulo, por favor, eu insisto, que é pra eu, pelo menos, usá-lo pra jogar no bicho!
Não dá pra ouvir falarem mal de quem tanto a gente aprecia. Mesmo falando mal a poesia, assim mesmo ela nos ama, sofre resignada, chora, reclama e quem critica entende muito, mesmo não conhecendo nada. Vanguardista, anarquista, modernista, KoNkR&T!$t@, experimentalista, clássica, cômica, humorística, filosófica, erótica, humanista... De amor, de saudade; poesia pra falar no teatro, no colégio... pra escrever no lavabo, pra não sair do diário, para sair do armário... Poesia para pensar, poesia para atacar, poesia pra se defender. E a poesia não tem utilidade pra você?!
Grandes poetas, confusos seres humanos. Doentes, românticos, suicidas, insanos, simbolistas, parnasianos... Almas atormentadas, pessoas comuns tentando mapear a jornada. Quando morre o poeta, fica a obra inacabada?
Uma poesia tem início, meio e fim, e se não se nos apresenta assim, não tem problema. É que a história que relata a sua confecção, cuja parte visível (imprevisível) é o poema, depende de contexto, padrinho, foco, pretexto. Às vezes um poema só existe para justificar um único verso. E não seria assim com a humanidade em relação ao universo?! O poeta disfarça, esconde, transcende, para proteger o verso: sua verdade, sua arte... E há sempre alguém que não o entende.
A poesia é uma senhora, e como tal, tem uma história, nem sempre espetacular, por tantas vezes enigmática e contraditória. Mas chega a ser crueldade contrapor a poesia ao tempo. Creio que todas as poesias poderão servir de exemplo para o que tem de ser feito, pra o que não se pode ou não se deve repetir. Poesia é um santo remédio pra nos fazer acordar e também nos fazer dormir. Não parece a descrição de uma avó? Carinho com ela, respeito com ela, cuidado com ela. É só o que eu peço... Só.
Mas não vá pensar o Leitor, que a defesa enfática da poesia se dá por favor, ou por ela não poder defender-se a si mesma. Tal defesa faz-se em nome do amor. A poesia é a poesia onde quer que ela esteja! E tem muita energia, vitalidade e força. Famosa ou desconhecida ela seja. Escrita por bardo emérito ou estudante inquieto com o coração a ponto de explodir. Não maltrate a poesia, pois ela pode fazer você chorar e também pode fazer você sorrir.



Erivelto Reis

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