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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Um Poema de Renata Pallottini

OS MORTOS
Renata Pallottini


Os mortos estão deitados

mas os seus nomes tremulam sobre as campinas como flâmulas,

voam sobre as campinas a memória de suas faces

e a brancura de seus ossos perduráveis;



dizei, dizei dos mortos o que vos parecer,

eles estão deitados sob o limo com os olhos fechados,

com fibras e raízes onde estavam os olhos,

e com sumos e chuvas no lugar que era a boca;



Só a nossa lembrança os reúne e os congrega,

somos nós nossos mortos e estamos enterrados

e jazemos nós mesmos misturados às flores.

Dizei portanto as sentenças e os crimes,

já não podeis condenar-nos à morte.

Já pouco importa.



Porque estamos deitados,

vitoriosos e sós, imaculados, livres,

com as mãos cheias de terra e de silêncio.

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