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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 4 de agosto de 2018

Poema: "Cena do crime", de Erivelto Reis


Cena do crime
Erivelto Reis


Mariana, o mal agora está feito,
O banzé está formado,
Escreve, sim, uma carta pra os seus pais...
Seu quarto foi maculado,
E certamente algo mais...
Passe álcool canforado
Pra amenizar a dor do seu corpo cansado.
Não fiques fazendo rascunhos de cartas,
Suspirando, falando bravatas
E promessas de amor imorais.
Veja se toma juízo.
Em um convento,
Paixão de alma e corpo não convém!
Melhor seria apenas idealizar o céu.
Castidade não é brinquedo
E religião é vocação e hábito!
Tenho pena desse seu desejo incauto.
De suas palavras de amor e fel.
Estou avisando a você...
Que hálito de amor é esse, Mariana?
Incenso na mesa de cabeceira,
Dois copos pela metade:
Um com água benta e outro com conhaque,
Uma capa de marinheiro embaixo do catre,
E duas anáguas parcialmente rasgadas?
Mariana, você não quer confessar nada?!...
Mariana, fala pra mim, por onde esse homem entrou?!
Seria ele um mago Merlim da sedução, um Robin Hood do prazer?
Um ilusionista anticristo do seu coração...
Mariana, presta atenção!
Daqui a pouco, à hora do ângelus,
Peça a Deus e aos santos
De seu pecado a redenção.
Sua história não é a única,
Mas poderá escandalizar,
Que não seja pela perda da pureza,
Por amor, ela será.
Pois quem ama a quem o ama
Sem pudor e sem maldade,
Ainda sem correspondência,
Deixa um legado à eternidade.
Mariana, eu achei mais quatro cartas,
A quem as pretende enviar?!
Ajoelhe-se, Mariana...
Ajoelhou tem que rezar...


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