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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Poema: "Consórcios", de Erivelto Reis

Consórcios
Erivelto Reis

Não posso ensinar aos que ensinam,
Quando os que ensinam aprenderam,
Sabe-se lá de que maneira,
Que a educação é brincadeira,
Que não é preciso saber para ensinar:
Só é preciso fingir,
Enganar, trair, trapacear,
Negligenciar e omitir.
Vou lhes transmitir um conselho,
Um recado: parem já com esse engodo,
Porque vocês estão errados.
Seu aluno não é gado,
Não aceita ser relegado
Ao segundo plano.
É isso que querem deixar como legado?!
Poder aprender, poder ensinar
E não se dedicar de fato
É um ato desumano!
É um dom desperdiçado,
Um dó desafinado no acorde de um velho piano desalmado...
Acordem.
Para transcender é preciso sentir,
Precisa paixão, precisa-se tear a palavra
Que há nas linhas invisíveis das ideias,
Da imaginação...
Precisa estudar, precisa trilhar
As estradas dos caminhos
Dos atalhos do coração.
Não é que eu tenha qualquer superioridade,
É apenas que eu não fuja das minhas responsabilidades,
Que eu não queira pra alguém
O que jamais eu quis pra mim.
Libertem-se, libertem os demais
Permitam que descubram os bens
De que a Educação é capaz.
Com autonomia, ética e solidariedade,
Deixem que eles próprios montem
Os quebra-cabeças de suas verdades.
Não se iludam, oh, potestades:
Eles veem, eles sentem, eles sabem.
Não posso ensinar aos que ensinam,
Quando os que ensinam aprenderam,
Sabe-se lá por quais consórcios,
Que a educação não passa de um negócio...

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